Agentes públicos no AP são capacitados para eliminar abordagens repressivas a negros
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Curso composto por 14 oficinas acontece até o fim de tarde desta quarta-feira (22) — Foto: Carlos Alberto Jr/G1 |
Por: Carlos Alberto Jr
Capacitação aconteceu nesta quarta-feira (22) no Museu Sacaca. Proposta é preparar agentes públicos para a identificação e prevenção de situações de racismo, intolerância religiosa e xenofobia.
Agentes de segurança do Amapá, além de lideranças comunitárias e comunidade civil, participaram nesta quarta-feira (22) da 1ª edição do Curso de Mediação Rápida de Conflitos no estado, promovido pelo Ministério dos Direitos Humanos, em parceria com a Secretaria Extraordinária de Políticas para os Povos Afrodescendentes (Seafro).
A capacitação aconteceu no Museu Sacaca, em Macapá. O curso, composto por 14 oficinas, tem por objetivo preparar agentes públicos para a identificação e prevenção de situações de racismo institucional, intolerância religiosa e xenofobia e a capacitação em mediação rápida de conflitos.
O secretário nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo, reforça que o curso já capacitou mais de 5 mil profissionais.
"É uma ferramenta que coloca no mesmo ambiente os agentes de segurança lado a lado com o público civil, e conhecendo a realidade de ambos, poderemos promover a cultura da paz", declarou Araújo.
O secretário também reforça que mesmo com eventos como esse, apenas políticas públicas com protagonismo do público negro podem combater mais efetivamente o racismo.
"Temos mais de 5 mil municípios no país e apenas 80 deles têm, pelo menos, um órgão e conselho voltado para a igualdade racial. Esses números explicam a falta do protagonismo negro na política e o racismo latente, mesmo que velado, em grande parte país", ressaltou.
Sabendo que a população negra é a mais atingida por racismo em abordagens discriminatórias, a capacitação propõe dar melhores condições de trabalho para os profissionais de segurança e um atendimento destituído de preconceitos para a sociedade como um todo.
A formação atende um público de 250 pessoas, sendo que em torno de 120 são agentes de segurança pública. Entre os presentes no curso, está o tenente da Polícia Militar (PM) Silvio Santos. Para ele, o curso é importante tanto no cunho institucional, como social do militar.
"Um agente de segurança pública que é capacitado, tendo a informação que grande parte da população negra é que sofre com as consequências sócio-históricas, ele vai estar preparado a mediar um conflito e vai dispor disso como ferramenta de trabalho. Ou seja, não vamos utilizar somente a abordagem repressiva, mas também vamos ser mediadores, trabalhando muito mais a prevenção do que a repressão", disse.
O curso teve início após o Governo Federal decretar a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, em fevereiro. Além do racismo, outro tema que está em voga é a xenofobia, principalmente após os conflitos com os imigrantes da venezuelas em Roraima.
De acordo com Aluizio de Carvalho, titular da Seafro, muitos jovens negros procuram a secretaria para reclamar sobre a repressão que sofrem pelo estilo de se vestir, pelo penteado ou local onde moram.
"Muitos desses jovens dizem que já sofreram essa abordagem por conta da identidade cultural deles, ninguém pode ser julgado pelo jeito de se vestir ou da comunidade onde vive. E é por meio de cursos como esse que ajudamos aos agentes públicos a serem mais humanos com determinado tipo de público", ressaltou.
FONTE: G1 AP — Macapá em 22/08/2018
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