Ramadã de 2017 é marcado por terrorismo e intolerância religiosa

Já foram quase 600 ataques terroristas em 2017, com mais de 4.000 mortos (Amit Dave/Reuters)
O Ramadã chega ao fim nesta segunda-feira, mês em que os muçulmanos se dedicam à renovação da fé, com jejum obrigatório entre o nascer e o pôr do sol. Este ano, entretanto, o mês considerado sagrado foi marcado por ataques terroristas e descriminações religiosas.

Há quase 2 bilhões de muçulmanos no mundo e, de acordo com projeções do Pew Research Center, esse número deve se igualar ao de cristãos em 2050.

E, apesar de essa população ser frequentemente associada ao terrorismo, a pesquisa mostrou que em países como o Líbano, por exemplo, 100% das pessoas reprovam a atuação do Estado Islâmico, enquanto 94% dos habitantes da Jordânia condena o grupo, assim como ataques suicidas e outras formas de violência praticadas em nome da religião.

Apesar disso, um levantamento do Conselho de Relações Americanas-Islâmicas aponta que, em 2017, o número de crimes de ódio contra muçulmanos cresceu 57% em relação a 2015 e dobrou em relação a 2014, chegando a 2.213 casos nos Estados Unidos em 2016.

E o preconceito tem sido praticado dentro dos próprios governos. O secretário de estado americano Rex Tillerson proibiu a realização de um evento de celebração do Ramadã no governo, rompendo com uma tradição firmada desde 1999 entre republicanos e democratas.

Em março, o Tribunal de Justiça Europeu autorizou que empresas possam proibir as mulheres muçulmanas de usarem véus no ambiente de trabalho, ou qualquer outro símbolo religioso.

As investidas terroristas têm contribuído para intensificar esse ódio. Já foram quase 600 ataques terroristas em 2017, com mais de 4.000 mortos, de acordo com mapa do Esri Story Maps e do PeaceTech Lab que tem acompanhado o avanço dos casos.

Intensificar os ataques no período sagrado para os muçulmanos tem sido uma prática recorrente desde 2014, quando o Estado Islâmico foi fundado. No último dia 21, o grupo inclusive destruiu a mesquita de Al Nuri, em Mossul, no Iraque, onde foi declarado o califado.

A região dominada pelo grupo extremista tem sido palco para conflitos constantes, assim como a Síria e outros países do Oriente Médio. Apesar de o Ocidente estar abalado com os ataques recentes, são os muçulmanos que não têm tido paz. Espera-se que hoje, pelo menos, seja uma pausa para os conflitos.

Em diversos países de maioria muçulmana está decretado feriado, para que os praticantes da religião possam se reunir no Eid al-Fitr, que significa a celebração do fim do jejum.

FONTE: Exame em 27/06/2017

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