Pastor relata situações de intolerância religiosa que sofreu

Desrespeitar a crença alheia, ofender o credo religioso, sendo ele referente à prática católica, evangélica ou de religiões de matriz africana é um ato criminoso. De acordo com a Lei 7.716/89, que em seu artigo 1º, alterado pela Lei 009.459/97, dispõe que serão punidos na forma da Lei os crimes resultantes de discriminação ou preconceito religioso.
Tal prática já foi considerada pelo Supremo Tribunal Federal como inafiançável e imprescritível, ou seja, o acusado poderá ser punido a qualquer tempo e não poderá responder em liberdade efetuando o pagamento de fiança.
A intolerância religiosa é um dos assuntos mais discutido pela sociedade atual, pois tem acontecido de maneira cada vez mais frequente. As atitudes agressivas acontecem tanto contra o pai de santo e católicos , bem como contra os evangélicos, que muitas vezes são descriminalizados e marginalizados do convívio social.
O jornalista e pastor Fernando Santana que já sofreu intolerância religiosa por ser evangélico e pastor de uma igreja em Camaçari, relata um episódio em sua vida, onde passou por situações difíceis em seu trabalho, mas, manteve sempre a ética e o respeito pelas outras religiões.

Confira seu testemunho:

"Existe muito preconceito contra os evangélicos. Têm gente que pensa que somos alienados e incautos, literalmente, um povinho. Alguns chegam ao cúmulo do desrespeito. Por ocasião do boicote à novela Salve Jorge, proposto por evangélicos, Glória Perez nos chamou de imbecis. A autora disse: “Não devemos ampliar a voz dos imbecis”.
O preconceito contra os cristãos evangélicos é visto também quando ocorre algum desvio de conduta. Se algum evangélico é preso, e não precisa ser um líder religioso, será destacado que o marginal é evangélico. Porque não fazem isso com católicos, espíritas, povo de santo ou integrante de outras religiões? O ser humano é passivo de erro, seja ele evangélico ou não. A Bíblia diz que “aquele, pois, que pensa estar em pé cuide para que não caia” (I Co 10.12).
No mercado de trabalho também somos algumas vezes execrados, em forma de chacotas, verdadeiros assédios, por priorizarmos uma conduta mais reservada e por defendermos os valores bíblicos. Eu sofri na pele esse assédio.
Na década de 90 quando apresentava um telejornal aqui em Camaçari tentaram violar a minha liberdade de consciência e de crença. São ossos do ofício de qualquer profissional de comunicação versar sobre os mais variados temas, inclusive os religiosos. Como repórter e apresentador entrevistei representantes das mais variadas religiões, entrei em lugares que jamais iria fora do trabalho, reportei o credo de outros, isso sempre com o maior respeito. Mas alguém queria mexer com o que eu acreditava. Tentaram me obrigar, sob pena de perder o emprego, a desejar que determinado santo abençoasse aos telespectadores. Eu preferi perder o emprego e honrar a minha fé a me dobrar àquela tentativa de violação.
Falar sobre uma religião não significa que eu tenho que crer nela ou mesmo desrespeitar as pessoas que me assistiam, pois havia gente dos mais variados credos. Na minha demissão o diretor disse: “um dia você vai olhar para trás e dizer: aquele filho do diabo tinha razão”. Ele se referia a ele próprio. Hoje olho pra trás e penso: Valeu a pena, faria tudo de novo!” 


FONTE: Camaçari Notícias em 03/06/2013 

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