Primeiro papa latino-americano na história, Bergoglio não é consenso entre os argentinos
Pela primeira vez na história da Igreja Católica
elegeu-se um papa latino-americano. Trata-se do argentino Jorge Mario
Bergoglio. Jesuíta, nascido em Buenos Aires no ano de 1936, Bergoglio
era arcebispo da Arquidiocese de Buenos Aires desde 28 de fevereiro de
1998, mas já havia ocupado muitos cargos na cúria romana.
Tido como conservador, Bergoglio parece nunca ter
sido apoiador da Igreja Popular e da Teologia da Libertação. Apesar
disso, é conhecido por seu estilo de vida bastante simples.
O novo papa adotou o nome de Francisco. Se a escolha
se vincula à imagem de Francisco de Assis, o fato pode ser
significativo. O grande sonho do "Pobre de Deus" foi a reforma da
Igreja.
.
Nome controverso e polêmico entre os argentinos
O novo papa não é consenso entre o povo argentino. De acordo com Oscar Campana, do Centro Nueva Tierra (www.nuevatierra.org.ar),
de Buenos Aires, "quando foi eleito bispo, há vinte e um anos, um irmão
de sua congregação, disse: 'só vai parar quando for papa'." O já
falecido jesuíta Juan Luis Moyano se referia à "sede de poder de
Bergoglio, conjugada com sua austeridade pessoal e seu jeito simples de
viver".
"Bergoglio
é um estrategista e um político, como há muito tempo não havia na
igreja argentina", afirma Campana. Forte crítico ao engajamento social
de seus colegas de congregação no trabalho junto aos grupos
marginalizados, o agora Papa Fransciso I também conseguia incluir em
seus discursos a defesa dos pobres e excluídos. É de Bergoglio a citação
a seguir:
"Vivemos na região mais desigual do mundo, a que
menos reduziu a miséria. A distribuição injusta de bens persiste,
criando uma situação de pecado social que grita aos céus e limita as
possibilidades de vida mais plena para muitos de nossos irmãos."
Na
prática, entretanto, Begoglio teria sido incentivador da educação
privada, beneficiada com recursos governamentais, em detrimento da
educação pública, esta última destinada aos mais pobres.
Pesa
ainda sobre o novo papa as acusações de conivência com a ditadura
militar argentina. As falas provêm de entidades de Defesa de Direitos
Humanos e em especial das Mães e Avós da Praça de Maio. A versão é
negada pela ICAR da Argentina e pelo próprio Nobel da Paz, Adolfo Perez
Esquivel. De qualquer forma, "se não foi conivente, foi pelo menos
omisso", afirmam outros.
"Se
a escolha de Begoglio expressa algum reformismo", conclui Oscar
Campana, "é porque a igreja se precipitou profundamente no
conservadorismo".
FONTE: Centro de Estudos Bíblicos em 14/03/2013
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