Para Victorino, A Intolerância Religiosa É Inaceitável


O coordenador municipal da Igualdade Racial, Vanderlei Victorino, afirma que a intolerância religiosa existe na cidade e é inaceitável.

Segundo Victorino, a intolerância religiosa existe e pode acontecer com qualquer religião, mas recai especialmente sobre as religiões de origem africana disse Victorino.

“É uma intolerância que é religiosa, mas também é racial”, explica o coordenador, que é católico apostólico romano.

Um assunto que vem preocupa não apenas na cidade, mas em todo o país.

O número denúncias de intolerância religiosa recebidas pelo Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência cresceu mais de sete vezes em 2012, quando comparada com a estatística de 2011, saindo de 15 para 109 casos registrados.

Na opinião da ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, os ataques às religiões de matriz africana no Brasil chegaram a um nível insuportável.

“O pior não é apenas o grande número, mas a gravidade dos casos que têm acontecido. São agressões físicas, ameaças de depredação de casas e comunidades. Nós consideramos que isso chegou em um ponto insuportável e que não se trata apenas de uma disputa religiosa, mas, evidentemente, uma disputa por valores civilizatórios”.

Em Jundiaí, segundo o coordenador, a tentativa de aprovação de uma lei proibindo os rituais de religiões de matriz africana na Serra do Japi no ano passado pode ser considerada uma forma de intolerância religiosa.

“As religiões africanas são detentoras da proteção do meio ambiente. Tudo é feito a partir da natureza. Ninguém vai fazer um ritual para danificar a Serra”, afirma Victorino.

Na visão do coordenador, como em qualquer meio existem pessoas que agem de má fé, mas elas representam menos de 5% dos praticantes. “Não podemos generalizar”.

Victorino pensa na criação de um espaço na Serra especialmente destinado às práticas religiosas, mas disse que quem vai decidir isso será a conferência municipal de igualdade racial, que deve acontecer em maio.

“O papel do governo é disciplinar essas práticas através de políticas públicas”, afirma.

Outro pensamento dele é a criação de uma cartilha com as boas práticas para rituais em áreas de floresta.

“Uma oferenda não precisa ser feita em um prato de louça. Pode ser feita numa folha de bananeira. E isso não agride a natureza”.

Para a ministra, os ataques são motivados principalmente por alguns grupos evangélicos.

“Alguns setores, especialmente evangélicos pentecostais, gostariam que essas manifestações africanas desaparecessem totalmente da sociedade brasileira, o que certamente não ocorrerá”, disse Luíza.

Victorino lembra que a existência das religiões de matriz africana é importante inclusive para a saúde física da população negra.

“Os terreiros (templos de Umbanda) e Roças (de Cambomblé) são pontos de apoio para o poder público quando se trata de saúde da população negra. De acordo com um levantamento feito pelos próprios patricantes, há 101 terreiros e roças em Jundiaí”.

O coordenador disse que vai entrar em contato com todos eles.

“Quero visitar, abrir o diálogo. Integrar o município ao Plano Nacional de Saúde da População Negra. Roças e Terreiros são espaços específicos de cura não apenas espiritual, mas física”.

O objetivo de Victorino é construir o Plano Municipal de Igualdade Racial a partir da conferência municipal e, a partir dele, implantar diretrizes de promoção da igualdade e de combate ao racismo.

“Nos casos de racismo, temos que agir juridicamente”.

Victorino, no entanto, não foca apenas nas religiões de matriz africana ou racismo praticado contra negros.

“Temos 297 índios no município. São índios integrados ao ambiente urbano. Mas é preciso diálogo com eles. É preciso discutir políticas públicas também para eles. Um resgate de suas tradições e cultura”.

O coordenador falar também de ciganos não nômades que vivem em Jundiaí, a comunidade de muçulmanos e outras etnias e religiões que existem na cidade.

“Nossa meta é abrir o governo. Conversar. Dar voz a essas comunidades”.

Colaborou Daniel Mello, da Agência Brasil, e a assessoria de comunicação da Prefeitura

FONTE: OA em 29/01/2013

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