Intolerância religiosa no Irã se assemelha à perseguição de religiões de matriz africana no Brasil

A intolerância religiosa no Irã com as diversas minorias religiosas – tais como os bahá’ís, cristãos, judeus, zoroastrianos, e até contra muçulmanos sunitas, dentre outros – está bem próxima ao preconceito e perseguição que sofrem as religiões de matriz africana no Brasil. A falta de informação que leva ao preconceito e gera o ódio ao desconhecido acontece da mesma forma nos dois países. No Brasil, a perseguição chega às vias de fato com o vandalismo a que são submetidos os terreiros de candomblé e de umbanda e com a discriminação aos seus seguidores, embora a liberdade de culto seja um direito garantido pela Constituição. No Irã, os bahá’ís são submetidos a prisões arbitrárias, tortura, supressão de direitos civis tais como o exercício de um cargo público ou o comércio e o acesso à educação formal, além da proibição da liberdade de culto.

Da mesma forma que os terreiros e locais de culto das religiões de matriz africana são destruídos e seus frequentadores estigmatizados e humilhados no Brasil, no Irã os bahá’ís têm suas casas e plantações queimadas, suas lojas saqueadas, suas crianças e jovens com acesso negado à educação: uma tentativa clara de enfraquecer a comunidade cerceando seus direitos básicos como cidadãos. A opressão acontece tanto por parte do governo como por uma linha extremista de indivíduos seguidores do islamismo, que não aceitam a diversidade religiosa existente no país. O próprio governo não reconhece a religião e proíbe reuniões e atividades sociais nas casas de bahá’ís. Até o ano de 2008, o governo permitiu que a comunidade bahá’í iraniana tivesse um grupo informal de lideranças no lugar de uma Assembleia Espiritual Nacional, órgão diretivo eleito pelos bahá’ís, como ocorre em todos os países onde a Fé Bahá’í está estabelecida. Mas em março de 2008, uma das integrantes deste grupo foi presa deliberadamente, sem a apresentação de acusações formais. Em seguida, no mês de maio daquele ano, os demais membros do grupo também foram presos nas mesmas condições, e enviados para a prisão de Evin, na capital Teerã, uma das prisões com as piores condições de salubridade.

As acusações formais somente foram apresentadas quase um ano após a prisão dos sete, e o julgamento só teve início em janeiro de 2010, sendo arrastado por seis sessões até agosto, quando as lideranças bahá’ís foram sentenciadas por 20 anos de prisão sob as acusações de espionagem, atentado contra a segurança nacional e formação de grupo ilegal.

Foi após o estabelecimento da República Islâmica do irã que as perseguições aos bahá’ís se intensificaram no país. Crianças e jovens sofrem discriminação e humilhação nas escolas e universidades, quando conseguem se matricular. O próprios professores são os agentes de ações discriminatórias, bem como alunos e seus pais. Alguns precisam sair da instituição na qual estudam devido a pressão que sofrem. No vestibular, por ser obrigatório declarar a religião, os bahá’ís não conseguem acesso, uma vez que o cartão de inscrição somente apresenta as opções de “islamismo, cristianismo, judaísmo e zoroastrismo”.

Numa tentativa de absorver estes estudantes que ficam fora do sistema educacional – e cumprir com um dos princípios da Fé Bahá’í da educação compulsória e universal – aulas espirituais para crianças, pré-jovens e jovens são oferecidas informalmente, bem como no nível superior, em que o Instituto Bahá’í para Educação Superior (BIHE, da sigla no inglês) supre a carência pela profissionalização dos jovens adultos. O BIHE é um sistema de ensino à distância no qual professores dentro e fora do Irã se comunicam com os alunos pela Internet. O curso segue o currículo de uma instituição de ensino superior e garante um diploma de graduação, reconhecido em alguns países por instituições de ensino superior.

Mais uma vez a perseguição velada aos bahá’ís por parte do governo recaiu sobre a comunidade bahá’í, e mais prisões arbitrárias ocorreram sem que quaisquer provas formais fossem apresentadas. Dezenove indivíduos que ensinavam jovens bahá’ís, que por sua opção religiosa tiveram acesso negado à universidade, foram presos sob a acusação de “conspiração contra a segurança nacional” e “conspiração contra o regime islâmico”; destes, 11 permanecem na prisão desde maio deste ano.

Da mesma forma que no Irã há um domínio cultural religioso que contribui para fomentar o preconceito e a perseguição às minorias religiosas, no Brasil acontece da mesma forma, principalmente contra as religiões de matriz africana. O Brasil e o Irã são exemplos nítidos de como o preconceito repercute em ações violentas que violam direitos humanos. Combater a violência isoladamente não resolverá o preconceito religioso. É preciso fomentar também o conhecimento sobre a diversidade religiosa para superar a intolerância, tanto no Brasil como no Irã.

A Comunidade Bahá’í do Brasil tem atuação em milhares de cidades espalhadas por todos os estados brasileiros, abrangendo pessoas que se interessem e se identifiquem com as atividades centrais promovidas pela Comunidade Bahá’í, foco de sua ação social. São elas: aulas para crianças, grupos de pré-jovens, reuniões de meditação e oração e círculos de estudo das escrituras sagradas; todas abertas ao público e disponíveis em todas as regiões do país. A nível local e nacional, a Comunidade Bahá’í também participa das discussões com a sociedade e o governo que objetivam elaborar ações e políticas públicas que beneficiem e criem melhores condições de vida para a população.

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FONTE: Mapa da Intolerância Religiosa em 27/07/2011

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