Estudantes são detidos por preconceito religioso durante performance artística no Largo da Carioca

Foto: Reprodução/Thalita Magalhães

Dois estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro foram detidos depois de uma performance artística no início da tarde desta sexta-feira no Largo da Carioca, no Centro do Rio. Enquanto Marcos Marinho, de 23 anos, arrancava páginas da Bíblia e colava em seu corpo, a amiga Thalita Magalhães, de 20, fotografava a manifestação. Os dois foram levados para a 5ª DP (Centro) por policiais do programa Segurança Presente e autuados por preconceito religioso pela Lei Caó.

Criado numa família católica, Marcos explica que a performance intitulada "A Testemunha" é um movimento pessoal pensado para tentar expressar o que a religiosidade e a doutrina cristã representam na sua vida.

— Vivi a religião com muita profundidade e pensei duas vezes em entrar para o seminário. As doutrinas cristãs estão no meu corpo e na minha construção como sujeito e cidadão, como uma pele, uma das minha camadas. Resolvi fazer essa performance destacando as páginas da bíblia e criando uma segunda pele — defende o estudante, que se identifica como MAR enquanto artista — fui completamente interrompido de maneira violenta por populares e pelos policiais. Tive meu direito de ir e vir completamente cerceado. Aquilo é censura, no meio do espaço público.

Acompanhado da amiga que foi até o local para fotografar a performance, Marcos contou que chegou no Largo da Carioca por volta de 13h, horário de grande movimento. Vestindo uma sunga e carregando um exemplar da Bíblia e um pote de cola, ele iniciou a manifestação artística até ser interrompido por populares e policiais. Marcos contou ainda que chegou a ser ameaçado de morte pelo público que estava no local.

— Fui cercado por umas 20, 30 pessoas, e uns 10 policiais do Centro Presente. Um deles me abordou e disse que eu seria conduzido a delegacia por intolerância religiosa e atentado ao pudor. Quando entramos na viatura as pessoas cercaram o carro e eu ouvi duas ameças de morte. Um rapaz disse que eu não deveria mais frequentar o Largo da Carioca porque ele iria me matar e uma mulher disse que eu tinha que morrer porque eu estava usando a palavra de Deus em vão — diz Marcos, que depois de quatro horas detido, foi autuado por preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Procurados sobre o caso, o programa Segurança Presente e a Polícia Civil ainda não se manifestaram.

FONTE: Jornal Extra em 18/08/2019

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