Dossiê sobre intolerância religiosa é elaborado

Dominique Torquato/AAN


Por Inaê Miranda

Grupos ligados ao movimento negro e comunidades tradicionais de matriz africana entraram com uma representação solicitando que o Ministério Público (MP) apure o crime de intolerância e discriminação religiosa contra o Templo de Umbanda Vovô Trindade de Aruanda, no Jardim Nova Europa, destruído por um incêndio na madrugada do dia 18 de outubro.

Além da representação no MP, o caso será levado à audiência pública estadual, sexta-feira, em conjunto com a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de Campinas. O evento será no Salão Vermelho da Prefeitura, com a apresentação de um dossiê incluindo toda violência cometida contra as comunidades negras tradicionais. A deputada estadual Márcia Lia (PT) estará na audiência.

No incêndio, a suspeita é de que um tijolo arremessado contra o telhado tenha derrubado uma vela sobre o altar de madeira, fazendo o fogo alastrar pelo imóvel. O caso é investigado pelo 5º Distrito Policial. Duas pessoas já foram ouvidas pelo delegado até o momento e a polícia aguarda o resultado dos laudos para identificar as causas do incêndio.

O documento no MP foi protocolado pelo grupo Força da Raça, pela Associação dos Religiosos das Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e o vereador Carlos Roberto de Oliveira, o Carlão do PT, destinado ao promotor de Justiça da área criminal Alexandre Montgomery Wild.

“O que queremos é que seja investigado e a pessoa responsável seja punida. A gente não quer deixar que se abram prerrogativas. Queremos mostrar que é uma coisa que não vai ficar impune para que outras pessoas não se sintam encorajadas a praticarem esse mesmo tipo de ação”, afirmou a comendadora Edna Lourenço pesquisadora e militante no combate à intolerância religiosa.

O vereador Carlão disse que o caso não é isolado e preocupa. “Tem aumentado. Já recebemos aqui mais de cinco denúncias de apedrejamento em casas religiosas”, afirmou. “Queremos que os conselhos estaduais da Assembleia Legislativa possam nos ajudar na investigação, proteção e denúncia dos fatos para não ficarem isolados. Mesmo porque não está só em Campinas, mas tem ocorrido em várias cidades”, acrescentou o parlamentar.

O imóvel estava vazio no momento que pegou fogo, por volta das 5h do último dia 18. Os responsáveis pelo templo foram acionados por vizinhos que fizeram os primeiros trabalhos de combate às chamas, utilizando mangueiras, até a chegada do Corpo de Bombeiros. Segundo o pai David Ricardo Ribeiro da Silva, o Obabu Omolu, a Polícia Civil e a perícia do Instituto de Criminalística estiveram no local e as investigações preliminares dão conta de que se trata de um incêndio criminoso. Um tijolo foi encontrado sobre o telhado, no ponto onde a telha se partiu.

FONTE: Jornal Correio da Bahia em 26/10/2017

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.