Arcebispo do DF envia carta de apoio a terreiro de candomblé incendiado

Em texto, dom Sérgio da Rocha diz repudiar ataque às religiões africanas.
Chamas atingiram terreiro em novembro; Rollemberg anunciou delegacia.

O arcebispo metropolitano de Brasília, dom Sérgio da Rocha, enviou uma "carta de solidariedade" à administradora do terreiro de candomblé Axé Oyá Bagan, destruido por um incêndio no fim de novembro. A mensagem é endereçada a Adna Santos, ou Mãe Baiana, e foi assinada na última segunda (14), "em nome da Igreja Católica".

No texto, dom Sérgio diz que a religião cristã "repudia atentados contra a liberdade religiosa e a destruição de templos e símbolos religiosos, defendendo o direito à manifestação religiosa, assegurado pela Constituição Brasileira." O arcebispo termina a mensagem desejando "a paz, dom de Deus e fruto da Justiça".
O incêndio no terreiro é investigado pela Polícia Civil, e há suspeita de que as chamas tenham sido provocadas. O incêndio começou às 5h30, quando seis pessoas dormiam no local. Ninguém ficou ferido, mas o barracão de madeira foi completamente destruído pelas chamas.
Contra o preconceito
No dia seguinte ao incêndio, o governador Rodrigo Rollemberg anunciou a criação de uma delegacia específica para apurar crimes de preconceito, racismo e intolerância. O chefe do Executivo também determinou à Polícia Civil e ao Corpo de Bombeiros que tratem como prioridade a investigação. O laudo da perícia deve sair em até 30 dias.

O terreiro é conhecido como Casa da Mãe Baiana e fica em uma chácara no Núcleo Rural Córrego do Tamanduá, entre o Paranoá e o Lago Norte. Ele recebia 50 pessoas por semana. O fato foi denunciado por meio do Disque 100, canal da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
"Chamei os meninos que estavam dormindo e a gente foi pegar água nas caixas d'água para apagar, mas aí o fogo invadiu. Esse fogo foi de fora para dentro. É a intolerância religiosa, mais uma vez, dentro de Brasília e nós precisamos tomar uma providência imediatamente, não podemos deixar mais", afirmou Adna Santos, a "Mãe Baiana", na época do ocorrido.
Outros casos
O Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) do Ministério Público acompanha a apuração. Segundo o MP, nenhum caso do tipo foi registrado no DF nos últimos três anos. Em setembro, dois templos de religiões de matriz africana foram incendiados em Águas Lindas e Santo Antônio do Descoberto, no Entorno. Dossiê do GDF aponta 13 casos do tipo neste ano.

"Quando, em outros países, se incendeiam igrejas cristãs e cristãos são degolados, entendemos que isso é inaceitável. Aqui no Entorno os mesmos atos de intolerância religiosa são praticados contra templos de religião de matriz africana. Os recentes atentados terroristas na França possuem a mesma raiz de intolerância religiosa. Não podemos admitir que a intolerância vença a democracia", diz o coordenador do NED e promotor de Justiça Thiago Pierobom.
Denúncias sobre atos de intolerância religiosa, racismo, xenofobia e outros tipos de discriminação podem ser encaminhadas à ouvidoria do MPDF, pelos números 127 ou 0800-644-9500, ao Disque 100 ou ao Disque Racismo, no 156, opção 7.

FONTE: Portal G1 em 17/01/2016



Governador do DF, Rodrigo Rollemberg, e Mãe Baiana entre ruínas de terreiro de candomblé incendiado no Paranoá (Foto: Toninho Tavares/GDF)
 Foto: Governador do DF, Rodrigo Rollemberg, e Mãe Baiana entre ruínas de terreiro de candomblé incendiado no Paranoá (Foto: Toninho Tavares/GDF)

 

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