Criança de oito anos é vítima de intolerância religiosa

Resende (Rio de Janeiro) -  Na manhã de ontem, uma criança de oito anos praticante do candomblé foi vítima de preconceito em um estabelecimento comercial localizado na Avenida Tenente-Coronel Adalberto Mendes, no Manejo. Renata Nogueira Maciel de Oliveira, mãe da criança, informou à reportagem do A VOZ DA CIDADE, que o menino foi destratado pelo dono da loja por estar vestido com a roupa utilizada nas cerimônias religiosas. Ela fez uma ocorrência na 89ª Delegacia de Polícia, que investigará o caso.

“Meu filho foi comigo até o barracão de candomblé e, em seguida, pediu para ir à papelaria comprar um material para a escola. Percebi que ele estava demorando e, quando retornou para o carro, ele estava quieto e não quis contar o que aconteceu”, disse a mãe, que completou dizendo que após deixar o menino na casa da avó, ficou sabendo do ocorrido.

“A minha mãe ligou falando que ele contou que o dono da loja o segurou pelo braço, dizendo que ia expulsar o demônio que estava no corpo dele”.

Por conta da atitude do comerciante, Renata foi até a loja e pediu para falar com o proprietário. Ela disse que foi expulsa do estabelecimento e que o mesmo pediu para que ela escondesse o filho.

REGISTRO NA DELEGACIA

Por conta da atitude do comerciante, Renata foi até a 89ª DP registrar uma ocorrência. Ela contou que os policiais não quiseram registrar o boletim e, diante disso, foi até o Ministério Público que recomendou seu retorno à delegacia, que registrou o fato atípico.

“Registrei a ocorrência porque ninguém deve passar pelo que o meu filho passou. Não posso esperar algo pior acontecer com meu filho. A religião do próximo não deve ser julgada, e temos que acabar com essa intolerância. Meu filho é uma criança como outra, e gosta da religião dele”, destacou.

Existe no Estado do Rio um programa de combate à intolerância religiosa, intermediado pelo Ministério Público, que garante os direitos presentes na Constituição, assegurando o ‘livre exercício dos cultos religiosos e garantia, na forma da lei, à proteção aos locais de culto e a suas liturgias’.

Recentemente, histórias semelhantes ganharam destaque na mídia. Um dos mais conhecidos foi o da menina Kailane Campos, de 11 anos, que levou uma pedrada na cabeça, após sair de um culto de candomblé no dia 14 de junho, na Capital. O caso também foi registrado na época. Casos como estes podem ser denunciados através dos Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos.

FONTE: A Voz da Cidade 27/11/2015

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