Projeto de lei cria polêmica ao proibir sacrifício de animais em Rio Preto
Projeto prevê a proibição do sacrifício de animais em rituais do candomblé (Foto: Reprodução / TV TEM) |
Um projeto de lei inusitado que tramita na Câmara dos Vereadores está causando muita polêmica em São José do Rio Preto (SP), principalmente entre seguidores de religiões afro-brasileiras e defensores de animais. Um dos vereadores quer proibir o sacrifício de animais em rituais. O projeto do vereador Carlão dos Santos pede a proibição dos sacrifícios de todo tipo de bicho. “Aqui a gente não fala de religiões e sim de animais. Os animais são dóceis e é preciso ter carinho por eles e não sacrificar os animais”, afirma Carlão.
Para membros do candomblé e de outras religiões que matam animais em cultos, o sacrifício é tido como uma troca com os deuses, eles oferecem o sangue e a vida dos bichos e acreditam receber de volta bençãos. O texto ainda vai passar pela Comissão de Justiça para depois entrar em votação.
Para a mãe de santo Rosângela Pereira Silva, o sacrifício dos animais depende muito do pedido da pessoa, mas que nem sempre a morte do animal é garantida. “A gente faz essa oferenda, às vezes é frango, às vezes galinha ou cabrito, mas depende muito da necessidade do que a pessoa vem buscar. Nem todos os rituais vai matança. De 100% dos casos, 20% ocorre o sacrifício, depende do caso”, afirma Rosângela.
Já para o pai de santo Francisco Oliveira os rituais são feitos de acordo com o que a religião diz e que é algo milenar. “Não foi a gente que inventou, isso é praticado a anos atrás, por meio das matrizes do candomblé” diz, Oliveira.
A técnica de enfermagem Elisângela Santos faz parte de um grupo de protetores de animais, em Rio Preto, ela diz ser a favor da iniciativa do vereador. “Em pleno século 21 tratar isso como cultura é maus-tratos, não adianta e podem falar que o animal é sacrificado da maneira correta que seria rápido, não adianta, é maus-tratos", afirma Rosângela.
O pai de santo entende que proibir os sacrifícios nos cultos vai contra a Constituição, mas afirma que é possível continuar com os rituais, caso o projeto seja aprovado na Câmara. “Não vai mudar em nada, o candomblé não se resume só em matança e sacrifício, existe reza, banho, uma porção de coisas que envolve o candomblé”, diz Oliveira
O vereador incluiu uma emenda no projeto para proibir o sacrifício de animais no Centro de Controle de Zoonoses. No centro, bichos que têm doenças graves ou estão em casos terminais são sacrificados. A prefeitura não comenta os projetos que ainda não foram votados.
FONTE: Portal G1 em 08/04/2015
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