Intolerância religiosa afasta professora de escola na Praça Seca, na Zona Oeste


Adereço do candomblé gerou confusão e aluna acusa docente de constrangimento
 

A intolerância religiosa provocou mais uma vítima em escola no Rio de Janeiro, desta vez uma menina de 11 anos, aluna de um colégio particular na Praça Seca, em Jacarepaguá, Zona Oeste.

Iniciada no fim do ano passado no candomblé, religião de seus pais e suas irmãs mais novas, C.T., aluna do 6º ano do Ensino Fundamental, acusou uma professora de constrangimento e de tê-la proibido de assistir à aula com um adereço feito de palha e amarrado aos antebraços, conhecido no candomblé como contraegum.

“Ela disse que eu não poderia ficar na aula porque o contraegum não fazia parte do uniforme e eu, sem saber o que fazer, saí de sala”, disse a estudante, abatida.

A mãe de C. contou que se assustou ao ir buscar a filha na escola, na quinta-feira passada. Disse que a garota estava acanhada e, ao ver a mãe, começou a chorar sem saber o que fazer. Orientada pelo advogado da família, a mãe foi à 28ª DP (Campinho) prestar queixa contra a escola e a professora.

“Se ela não pode usar uma fita no antebraço, por baixo do uniforme, outras crianças também não podem usar pulseiras, cordões e medalhas. O que vale para um tem que valer para todo mundo”, disse a mãe da criança.

O babalorixá da família, Pai Marcus de Oxóssi, bisneto da famosa Mãe Menininha do Gantois, lamentou que ainda tenha que conviver com preconceito e intolerância, principalmente em escolas, onde o que deveria ser ensinado é o oposto.

“Infelizmente, em pleno século XXI, temos ainda casos e mais casos de intolerância religiosa”, disse o babalorixá.

A polêmica, desta vez, parece ter sido contornada sem a necessidade de intervenção judicial. A família da jovem foi procurada pela escola, e informada que a professora foi afastada do cargo. Também foi oferecida uma bolsa de estudos à aluna.

“A escola entendeu o problema e procurou se redimir. Isso é importante para servir de exemplo para os alunos”, disse a mãe da estudante.


FONTE: O Dia em 11/02/2015

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