Encontro debate intolerância religiosa

Dezenas de babalorixás, ialorixás e filhos de santo se reuniram ontem para ouvir o Ministério Público Estadual se comprometendo com suas lutas contra a discriminação e a intolerância religiosa. Pela primeira vez em sua história, os líderes das religiões de matriz africana, popularizados como pais de santo, abriram seus terreiros para que autoridades constituídas manifestassem apoio à luta em favor do respeito à Constituição brasileira, que garante a liberdade de culto e profissão de fé.

A reunião, que o promotor de Justiça Flávio Gomes da Costa, representante do MP, definiu como uma audiência pública, ocorreu no terreiro Ilê Axé Nitó Xoroquê, no complexo Benedito Bentes 2. Ali, líderes de dezenas de terreiros receberam informações sobre os instrumentos legais que dispõem para enfrentar o preconceito religioso.

“Com a 61ª Promotoria de Justiça da Capital, estamos vindo ao encontro de todas as religiões, sejam elas de matriz africana, católica ou evangélica”, disse o promotor, ressaltando que se reunirá também com líderes das igrejas católicas e evangélicas. Com atribuições na área de cidadania e direitos humanos, a nova promotoria vai levar a consciência de seus direitos também ao segmento GLBT.

O promotor Flávio Costa destacou a nova política do MP, adotada a partir da posse do procurador Sérgio Jucá, de abrir suas portas aos movimentos sociais. “É um momento histórico. Nem na Bahia, onde as religiões afro são fortes, houve uma reunião como essa, reunindo tantos líderes, com a presença do MP num terreiro”, destacou ele.

Ao saudar a presença dos religiosos, o promotor de Justiça disse que o objetivo da instituição que representa é construir uma sociedade livre de preconceito. É dessa forma, continuou Flávio Costa, que será possível acabar com a violência e a intolerância que ainda dão sinais de existência. “Infelizmente ainda registramos casos de violência praticados por aqueles que, em desrespeito à Constituição, acham que podem impedir a liberdade de credo”, reagiu.

O superintendente de Direitos Humanos da Secretaria da Cidadania, do governo do Estado, Geraldo Majella Marques, também participou da reunião. Ele destacou a importância histórica do encontro, relembrando que os líderes das religiões afro viveram décadas de perseguição. Neste sentido, relembrou o registro histórico conhecido com Quebra de 1912.

FONTE: Gazeta de Alagoas em 17/04/2013


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