Estudante vítima de preconceito em sala de aula está sem escola em RR

Família diz que adolescente foi vítima de intolerância religiosa e homofobia.
Professora e diretor de escola estadual são acusados de preconceito. 


Um estudante de 17 anos que disse ter sido vítima de preconceito em sala de aula por ser negro, homossexual e adepto do Candomblé, está sem aula há 15 dias, em Boa Vista (RR).
O episódio aconteceu no início deste mês em uma escola pública, na zona Oeste da capital, e envolveu uma professora e o diretor da escola onde o adolescente estudava.

Dentro da sala de aula, após ter colocado os pés sobre a cadeira, o adolescente e a professora começaram uma discussão. "Ela me chamou de nojento e criatura ridícula, fazendo referência a todos os homossexuais", lembra o estudante.

O caso foi levado ao diretor da escola que é evangélico e teria feito críticas ao adolescente por ser candomblecista, mencionando que ele deveria "aceitar Jesus como seu salvador".

A mãe do adolescente, a dona de casa Maria Esternaide Oliveira dos Santos, informa que o caso ocorreu na quarta-feira (13). No dia seguinte, ela disse que o diretor impediu a entrada do filho na escola sem a companhia de um responsável. Maria foi à unidade de ensino estadual e ouviu do diretor que a escola não poderia mais garantir a segurança do aluno.

"Outros estudantes estavam fazendo um abaixo assinado pedindo a expulsão do meu filho e que seria melhor ele não ir mais às aulas. Assim, pedimos a  transferência dele para outra escola. Pois, temíamos por sua integridade física", conta.

A família levou o caso para o Conselho Tutelar, registrou ocorrência no Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente e no Disque-Denúncia da Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

Outro lado

Ao G1, o diretor da escola, Américo Leal, desmentiu a versão e afirmou que o garoto não falou a verdade. "Ele xingou a professora na minha frente e disse que ela era louca. O aluno merecia uma advertência, mas preferi conversar", alega.

De acordo Leal, a mãe do adolescente foi chamada na escola, mas não se encontrava na cidade, por isso quem participou de uma reunião com a professora e o garoto foi a irmã do estudante.

"Ela assinou uma ata, onde toda a verdade está registrada", explicou Leal. O diretor finaliza dizendo que ficou surpreso com o pedido de transferência do garoto. "Eu não entendi", diz.

A assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Educação e Desportos (SEED) informou ao G1 que a Ouvidoria instaurou procedimento para analisar o caso. Após análise preliminar, o setor encaminhou relatório para a Assessoria Jurídica da Secretaria.

Foi informado ainda que durante o processo foram ouvidos os envolvidos e as testemunhas de forma coletiva e individual. O resultado só será divulgado após a conclusão da investigação.

À pedido da mãe, a gestão da escola envolvida já teria concedido a transferência do aluno que deverá ser matriculado na próxima segunda-feira (1°).

FONTE: Portal G1 em 29/03/2013

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