Estudante vítima de preconceito em sala de aula está sem escola em RR
Família diz que adolescente foi vítima de intolerância religiosa e homofobia.
Professora e diretor de escola estadual são acusados de preconceito.
FONTE: Portal G1 em 29/03/2013
Professora e diretor de escola estadual são acusados de preconceito.
Um estudante de 17 anos que disse ter sido
vítima de preconceito em sala de aula por ser negro, homossexual e
adepto do Candomblé, está sem aula há 15 dias, em Boa Vista (RR).
O
episódio aconteceu no início deste mês em uma escola pública, na zona
Oeste da capital, e envolveu uma professora e o diretor da escola onde o
adolescente estudava.
Dentro da sala de aula,
após ter colocado os pés sobre a cadeira, o adolescente e a professora
começaram uma discussão. "Ela me chamou de nojento e criatura ridícula,
fazendo referência a todos os homossexuais", lembra o estudante.
O
caso foi levado ao diretor da escola que é evangélico e teria feito
críticas ao adolescente por ser candomblecista, mencionando que ele
deveria "aceitar Jesus como seu salvador".
A
mãe do adolescente, a dona de casa Maria Esternaide Oliveira dos Santos,
informa que o caso ocorreu na quarta-feira (13). No dia seguinte, ela
disse que o diretor impediu a entrada do filho na escola sem a companhia
de um responsável. Maria foi à unidade de ensino estadual e ouviu do
diretor que a escola não poderia mais garantir a segurança do aluno.
"Outros
estudantes estavam fazendo um abaixo assinado pedindo a expulsão do meu
filho e que seria melhor ele não ir mais às aulas. Assim, pedimos a
transferência dele para outra escola. Pois, temíamos por sua
integridade física", conta.
A família levou o
caso para o Conselho Tutelar, registrou ocorrência no Núcleo de Proteção
à Criança e ao Adolescente e no Disque-Denúncia da Secretaria Nacional
de Direitos Humanos.
Outro lado
Ao
G1, o diretor da escola, Américo Leal, desmentiu a versão e afirmou que
o garoto não falou a verdade. "Ele xingou a professora na minha frente e
disse que ela era louca. O aluno merecia uma advertência, mas preferi
conversar", alega.
De acordo Leal, a mãe do
adolescente foi chamada na escola, mas não se encontrava na cidade, por
isso quem participou de uma reunião com a professora e o garoto foi a
irmã do estudante.
"Ela assinou uma ata, onde
toda a verdade está registrada", explicou Leal. O diretor finaliza
dizendo que ficou surpreso com o pedido de transferência do garoto. "Eu
não entendi", diz.
A assessoria de comunicação
da Secretaria Estadual de Educação e Desportos (SEED) informou ao G1 que
a Ouvidoria instaurou procedimento para analisar o caso. Após análise
preliminar, o setor encaminhou relatório para a Assessoria Jurídica da
Secretaria.
Foi informado ainda que durante o
processo foram ouvidos os envolvidos e as testemunhas de forma coletiva e
individual. O resultado só será divulgado após a conclusão da
investigação.
À pedido da mãe, a gestão da
escola envolvida já teria concedido a transferência do aluno que deverá
ser matriculado na próxima segunda-feira (1°).
FONTE: Portal G1 em 29/03/2013
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