Ensino religioso na rede pública é questionado por teólogo

Estudo constata desrespeito à laicidade, baixa adesão das escolas e distância em relação ao objetivo proposto 

A matriz curricular do ensino fundamental no Estado de São Paulo estabelece para o final do clico II, que corresponde ao 9º ano, uma aula semanal de Ensino Religioso. A proposta é voltada ao desenvolvimento de conteúdos relativos à História de Religião. Medida amparada em lei que ao final de 2012 completou dez anos de vigência, marcada por ampla discussão e muitas críticas, devido à diversidade religiosa.

O teólogo e diretor de escola Antonio Pinheiro de Azevedo questiona tal ensino. Aponta o desrespeito à laicidade, que é o princípio da separação dos poderes político, administrativo e religioso. Para ele, outros dois aspectos negativos são a baixa adesão das escolas e a distância para os objetivos propostos.

Nos últimos dois anos, Azevedo esteve empenhado numa ampla análise bibliográfica e documental, em livros de vários autores, nos documentos escolares, nos materiais confeccionados pelo próprio estado e na legislação vigente. “O principal ponto que encontrei é que o Estado não respeita a laicidade estabelecida na Constituição Federal”, afirma.

Para Azevedo, não há respeito à diversidade e nem à cultura religiosa do país. “A legislação complementar é tendenciosa. O material elaborado também possui tendência de exaltar algumas religiões em detrimento de outras”, comenta. O estudo realizado junto ao Programa de Mestrado em Educação da Unoeste constata farta literatura sobre o assunto, centrada no debate do ensino religioso.

Conta que buscou outro viés, ao se posicionar sobre o confronto com a laicidade. “A maioria dirige os estudos para princípios que avaliam a formação do indivíduo, com a preocupação voltada à construção de uma sociedade melhor”, explica e comenta que os amplos estudos podem servir como mecanismo de pressão para que o Estado revogue a lei e elabore novo projeto com a participação das diferentes denominações religiosas.

Azevedo anuncia que enviará cópia de sua dissertação ao governo paulista e manifestará ainda a constatação de que o ensino religioso não tem conseguido alcançar o objetivo como se pretendia no princípio, que falta adesão das escolas e que a proposta seja respeitada, para não ficar uma disciplina sem funcionalidade. A dissertação “Ensino Religioso no Estado de São Paulo: Fundamentos e Perspectivas Frente à Diversidade Cultural” foi orientada pela Dra. Caroline Kraus Luvizotto.

A banca de avaliação, realizada na manhã desta quarta-feira (27), contou com os doutores Sérgio Fabiano Annibal, da Unoeste, e Alonso Bezerra de Carvalho, do campus da Unesp em Assis. Além de bacharel em teologia, Azevedo fez três cursos de graduação: matemática, química e pedagogia; os dois últimos na Unoeste. Agora, está aprovado para receber o título de mestre em Educação junto à Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação.
 


Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste em 27/02/2013

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