Intolerância

EDITORIAL


Através da história, durante séculos, o homem praticou a intolerância religiosa. Grupos e mais grupos sofreram de intolerância e liberdades religiosas. Agora, em pleno século 21, quando o ser humano colhe os resultados dos avanços tecnológico, científico e humanístico, eis que ressurge em Maceió a presença do poder público municipal intolerantemente religioso.

Mesmo às portas de ser substituído no cargo de prefeito, o senhor Cícero Almeida teima em querer proibir manifestações de cultos afrobrasileiros, oriundos do sincretismo entre as religiões católica e africana.A intolerância religiosa do prefeito Cícero Almeida (representada pelos seus auxiiares que, a serviço de uma burocracia, pois dizem que não houve pedidos para a realização de cultos na orla marítima), descreve muito bem sua atitude mental pela falta de habilidade e de reconhecer e respeitar as diferenças ou crenças religiosas de seus administrados.A Constituição Federal, porém, tolhe sobremaneira o ato deselegante do prefeito da capital.

Em seu artigo 5o., inciso VI, a carta magna bem diz o que  deve ser respeitado: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.”  Ora, o prefeito Cícero Almeida, antes de ser o administrador de Maceió, exerceu mandatos de vereador e deputado estadual. Deveria, pelo menos, conhecer dos direitos e garantias individuais dos que vivem na  nação brasileira, que é toda ela representada por diversas religiões e cultos, oriundos de uma miscigenação que se iniciou logo após o descobrimento do Brasil.

Ou será querer muito da inteligência do prefeito?É importante frisar que a liberdade religiosa abrange a liberdade de crença religiosa e a liberdade de culto.  Melancolicamente, vai se encerrando o ciclo de Cícero Almeida como administrador dos destinos da capital alagoana. Como resultado, vem  deixando que suas  crenças prejudiquem as crenças dos outros cidadãos, muito deles foram eleitores de carteirinha do prefeito.

A intolerância, porém, não deve ser aposta tão somente ao prefeito, pois tem ao seu redor uma gama de assessores (alguns deles ocupando cargo jurídicos, portanto conhecedores da CF). Ou será que, como dizem abertamente os adversários políticos, eles somente dizem ‘amém’  ao prefeito?No fundo, no fundo, todos são filhos de um mesmo Deus, atingível por diversos caminhos. Respeitando-se, é claro, os que não acreditam Nele.  

FONTE: Extra Alagoas em 11/01/2013

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