GT Racismo promove palestra sobre intolerância religiosa


Durante as comemorações da Semana do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o Grupo de Trabalho sobre Racismo (GT Racismo) da Instituição promoveu uma mesa redonda sobre o enfrentamento à intolerância religiosa e estudo de caso. A reunião contou com a presença do professor e pesquisador da Universidade Estadual de Santa Cruz,da Bahia, Estélio Gomberg; da coordenadora do grupo, a procuradora de Justiça Maria Bernadete Azevedo; do promotor de Justiça do município de Brejo da Madre de Deus, Bruno Melquíades e da mestra em pedagogia, Ceça Axé.

Na ocasião, o professor doutor em saúde coletiva (concentrou sua tese no candomblé como prática terapêutica em conjunção com o sistema oficial de saúde) tratou em sua palestra a questão dos sacrifícios de animais. “É preciso entender e pensar que o sacrifício é uma atividade recorrente a várias religiões mundiais. No caso específico do candomblé, é essa ação que vai aumentar a força do orixá, o axé. E é o sangue que tem esse elemento material de potencializar o axé”, explicou, acrescentando que a carne do animal não é desperdiçada, mas é usada para as refeições comunais. “Seria um paradoxo desperdiçá-la, já que é um elemento da natureza e é justamente a natureza o que cultua a religião”, afirmou.

Na sua palestra, Estélio Gomberg destacou que é preciso fazer uma equação entre sagrado e profano, tradição e modernidade. “É importante permitir e atentar para as questões presentes nas cidades, tanto sanitárias quanto legais. Essa visão ambiental nesse momento contemporâneo é importante, mas a questão histórica e tradicional também tem peso. Por isso, a questão não é unilateral. A cidade tem que oportunizar a religiosidade e também atentar para os aspectos legais”, disse.

Ainda no encontro, o promotor de Justiça Bruno Melquíades fez uma explanação a respeito de uma onda de vandalismo e violência contra os representantes de religiões de matriz africana no Distrito de São Domingos, em Brejo da Madre de Deus e Santa Cruz do Capibaribe. Os fatos ocorreram depois de um assassinato de uma criança de 9 anos, em um ritual macabro. A população passou a creditar o crime aos representantes das religiões afro-brasileiras e foi preciso o MPPE atuar, em conjunto com outras instituições e órgãos públicos para diminuir as ações da população. A ação articulada também buscaram repassar orientações sobre as peculiaridades das práticas religiosas e esclarecimentos a respeito das religiões, ressaltando que a intolerância religiosa e o racismo são crimes.

10 anos - O GT Racismo do Ministério Público de Pernambuco completou dez anos de atuação. Surgiu em 10 dezembro de 2002 com o objetivo de construir estratégias de enfrentamento ao racismo através da discussão, sensibilização e capacitação de membros e servidores, a partir da compreensão do racismo institucional e suas consequências na reprodução das desigualdades históricas que atingem a população negra. O grupo tem a coordenação da procuradora de Justiça Maria Bernadete Azevedo e é formado por promotores e procuradores de Justiça e servidores da Instituição. A sede fica localizada na Rua 1º de Março, 100, 3º andar, Santo Antônio, Recife.

FONTE: Ministério Público de Pernambuco em 18/01/2013

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