Ceará é o 4° do Brasil em denúncias de intolerância religiosa

Coordenador estadual da Reafro diz que Prefeitura de Fortaleza e Governo do Estado não contam com políticas afirmativas de combate à intolerância religiosa


Ceará é o quarto estado brasileiro com o maior número de denúncias de intolerância religiosa, segundo dados de 2012 divulgados pela Secretaria dos Direitos Humanos (SDH), ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Os dados mostram que o Brasil registrou um total de 109 queixas formalizadas através do Disque 100 no ano passado, sendo oito no estado cearense.

Apesar do Ceará concentrar apenas cerca de 7% das denúncias em todo o Brasil, os números são preocupantes por não ter sido registrado nenhum caso em 2011 e pela inexistência de políticas específicas organizadas pela Prefeitura de Fortaleza e pelo Governo do Estado para o combate a esse problema. Isso é o que afirma o coordenador estadual da Rede Nacional de Religiões Afro Brasileiras e Saúde (Reafro), Leno Farias.

“Não existem políticas afirmativas e nós sofremos muito com isso. Isso é um reflexo do que acontece em todo o Brasil, que é marcado por uma falsa igualdade religiosa. Isso não existe. No Ceará, as religiões minoritárias são alvos constantes de preconceito”, ressalta ao destacar que muitos muitos locais utilizados em Fortaleza como terreiros para os fiéis de religiões de origem africana são invadidos e, até mesmo, queimados.

Manifestação cobra atenção do poder público

Em comemoração ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa celebrado na última segunda-feira (21), foi realizada uma manifestação na Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza. Leno Farias esclareceu que o protesto teve a intenção de chamar a atenção da prefeitura e do governo estadual e descobrir como essa questão é tratada. “Mas nós ficamos apreensivos, pois não há nada”, acrescenta.

Governo do Ceará e Prefeitura de Fortaleza rebatem

A reportagem entrou em contato com a Secretaria dos Direitos Humanos, da Prefeitura de Fortaleza, e com a Coordenadoria de Política Pública de Direitos Humanos, do governo estadual. Os dois órgãos afirmaram que o combate a esse problema é tratado pelas coordenadorias de igualdade racial de cada instituição e que o assunto é enfrentado através de discussões regulares que chamam a atenção para o problema.

Coordenador aponta falhas estratégicas

O coordenador da Reafro, porém, critica o fato de o problema ser combatido apenas pelas coordenadorias de igualdade racial por acreditar que o problema de intolerância religiosa não atinge apenas as religiões de matriz africanas, mas também os adeptos do espiritismo, toré indígena, wicca e de outras religiões minoritárias. “As deficiências nesse enfrentamento acabam contribuindo para a continuidade de falta de informação. Nas religiões afro brasileiras, por exemplo, as pessoas geralmente as relacionam com divindades satânicas, o que não existe”, finaliza.

FONTE: Jangadeiro em 22/01/2013

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