Projeto sobre diversidade religiosa cria polêmica em São Carlos


A pauta de votação da Câmara de São Carlos traz para a próxima terça-feira a discussão sobre a criação de um Conselho Municipal de Diversidade Religiosa. O projeto apresentado pelo vereador Robertinho Mori (PV) tem gerado discussão e posicionamento contrário dos vereadores evangélicos que descartam a criação de tal conselho.

A ideia foi inspirada no Comitê Nacional da Diversidade Religiosa que completou um ano ontem. A votação do projeto na Câmara de São Carlos será realizada na sessão da próxima terça-feira (4), que tem início às 15h.
Na avaliação de Mori, a tarefa do conselho será promover o diálogo inter-religioso, o que pertence, em primeiro lugar, aos próprios líderes religiosos. “Este diálogo deve alargar-se até incluir o setor mais vasto possível de cada uma das comunidades religiosas, com especial atenção à juventude. Todas as instituições educativas podem e devem abrir-se a este diálogo respeitador, que reconhece os valores específicos das tradições religiosas de cada indivíduo e abre para os valores dos outros”, relatou.
Para o vereador do PMDB, Equimarcílias Freire, o conselho se faz desnecessário. “O Brasil já vive um ecumenismo religioso e uma relação de respeito entre os integrantes das inúmeras religiões. Não cabe aqui restringir em um único grupo de dez pessoas um conselho religioso. Ele não terá a representatividade de todas as religiões instaladas no país”, afirmou.
Uma corrente de vereadores na Câmara também se mostra desfavorável ao projeto, indicando que a proposta pode induzir a uma tutela do Estado na fé da sociedade. “O Estado, como estabelece à Constituição, tem de ser laico – termo usado para identificar que o Estado é sem religião, que não prega nenhuma religião”, afirmou.
A discussão já chegou as redes sociais da internet e uma página de apoio à proposta de Robertinho Mori já tem 833 membros e uma infinidade de mensagens relatando, na visão dos internautas, situações  de opressão religiosa. E, portanto, a necessidade de um conselho ecumênico.
A proposta, que foi desenvolvida pelo educador Adilson Sanches Marques, prevê formular políticas e planos para a promoção da diversidade religiosa, além de apurar denúncias de prática de intolerância religiosa. “O comitê tem justamente o trabalho para promover um estado laico que é aquele que garante a liberdade de expressão religiosa”, explicou.
“A nossa ONG trabalha desde 2001 com essa linha de cultura de paz e diversidade religiosa. Nós organizamos vários eventos, como atividades culturais, palestras, reflexões, a gente promove essa tolerância à diversidade religiosa”, completou Marques.
Na avaliação do presidente da Câmara, Edson Fermiano (PR), por ser um conselho formado por pessoas da sociedade civil organizada e tendo apenas participação como ouvinte de membros da Prefeitura e Câmara, não configuraria um rompimento do Estado Laico.
A ideia nasceu há dois anos, disse em entrevista Adilson Marques. “Desde 2010 a gente tem trabalhado para que se implante em São Carlos um conselho que teria o papel de receber denúncias de intolerância religiosa, mas, principalmente, ter o foco na educação para promover a tolerância, que é melhor do que combater a intolerância”, enfatizou.
Segundo ele, a ONG ainda recebe denúncias de preconceito religioso. “A gente recebe com certa frequência essas denúncias, que vão desde as crianças que sofrem preconceito na escola quando falam que a família segue algum culto afrodescendente, como a Umbanda, por exemplo, até pessoas que foram ameaçadas no trabalho por manifestar alguma religião”.

FONTE: Jornal Primeira Página em 01/12/2012

Um comentário:

  1. Sou estudante de Mestrado em Serviço Social na Puc e estou fazendo uma pesquisa sobre intolerância religiosa no espaço escolar no Rio de Janeiro a partir da memória de pessoas de religiões afro-brasileiras (candomblé, umbanda..).

    Gostaria de convidar quem desejar colaborar com esta pesquisa a manifestar este interesse para que organizemos juntos uma metodologia participativa.

    É necessário que os colaboradores tenham mais de 18 anos e, de preferencia, trabalhem ou desejem trabalhar em escolas.

    Peço que os interessados enviem um email manifestando seu interesse para: rachel_sco@hotmail.com.br

    Desde já agradeço,
    Rachel Oliveira

    Obs: Caro moderador, peço para que, se possível, este texto possa ser publicado como post.

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