Legislativo debate revitalização de terreiros de candomblé na Bahia


Na semana na qual eclode mais uma denúncia de que a Justiça ordenou reintegração de posse e consequente derrubada de mais um terreiro de candomblé na Bahia, o Legislativo estadual foi palco de uma sessão especial sobre a "Concepção Arquitetônica dos Povos de Terreiros", que debateu exatamente oposto: o projeto de revitalização de 53 desses terreiros, na capital baiana, ação iniciada pelo governo do estado. O apelo dos militantes das religiões de matriz africana é claro: "Eles precisam saber que quem manda em nossas casas não somos nós, são nossos ancestrais".

O representante do governo, Ricardo de Almeida, assessor técnico da Superintendência de Construções da Bahia (Sucab), preferiu ir para o discurso diplomático e afirmar que esta meta é um "desafio gigante". Na opinião dele, para que ocorra a revitalização dos terreiros é preciso um entendimento mais amplo: "Ao trabalharem nos terreiros, os técnicos da Sucab não só estão lidando com o patrimônio material, mas também o patrimônio imaterial".

"Não se pode entrar em qualquer lugar e não se pode mexer em qualquer coisa", falou, se referindo ao acesso aos terreiros. Já o professor da Faculdade de Arquitetura da Ufba, Fábio Velame, explicou que a dificuldade relatada pelo representante da Sucab se deve ao que ele chama de "hierarquias de acesso". A sessão especial foi proposta pelo deputado Álvaro Gomes (PCdoB).

A falta de políticas de preservação e de reserva de áreas especiais, segundo o presidente da Comissão Especial da Promoção da Igualdade Racial da Assembleia, deputado Bira Corôa (PT), está permitindo que muitos terreiros “migrem para o litoral” norte. “[Isto é grave, sobretudo porque os terreiros são os pilares firmados que fizeram com que o povo baiano pudesse se assumir como negro", disse.

"O momento atual é de convergência de interesses entre o setor público e a comunidade que está aqui", afirmou o secretário de Promoção da Igualdade Racial do Estado, Elias Sampaio, ao ressaltar que reconheceu que as obras “não estão sendo realizadas na velocidade que o governo queria”.

"A falta de regularização fundiária é um problema dentro de Salvador e do estado como um todo. E é um dos problemas mais sérios, porque as religiões afros não podem prescindir desses espaços", continuou o titular da Sepromi.

FONTE: Camaçari Fatos e Fotos em 02/12/2012

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