Observatório para identificar intolerância religiosa é lançado em PE


No último dia 20 de Novembro foi lançado em Olinda (PE) o projeto Ojuran - Observatório de Mídia e Religiosidade, uma iniciativa que visa divulgar os casos de violações relacionadas ao ódio religioso na mídia. O projeto, ligado ao terreiro Ilê Axé Oxum Karê tem a participação de vários ativistas e religiosos e pretende ajudar na construção de políticas públicas para erradicar essa grave violação dos direitos humanos. O lançamento do Observatório ocorreu durante os festejos do Festival Cozinha, no dia 20, no Museu de Arte Contemporânea de Olinda. Em conversa por e-mail, o comunicólogo Ricardo Ruiz conta ao CORREIO NAGÔ com exclusividade sobre o projeto.

CN - Qual é o objetivo do Observatório de Mídia e Religiosidade

Ricardo Ruiz - É um projeto de observação, consolidação e interpretação de dados sobre o papel da mídia na construção ou "desconstrução" de uma sociedade que tenha garantidos seus direitos de culto e expressão das religiões, conforme assegura a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Busca analisar e entender o papel preponderante da mídia na potencialização da intolerância religiosa. Sua missão é produzir e disseminar informações e opiniões, e ao mesmo tempo em realizar ações formativas e informativas sobre o tema.

CN - Como surgiu essa idéia? Quem são as pessoas envolvidas?

Ricardo Ruiz - Em junho de 2012, a Mãe Beth de Oxum, matriarca do Ilê Axé Oxum Karê, levou à Ovidoria Geral da Presidência da República relatos da conjuntura acerca do respeito à religiosidade de matriz africana e indígena no Estado de Pernambuco. Os casos de violenta violação de direito ocorridos durante este ano chamaram a atenção do órgão, que solicitou à Iyalorixá um relatório dos principais casos. Reunindo informações através de material informativo veiculado na internet pudemos constatar, por observação, o papel preponderante da mídia na potencialização da intolerância religiosa. As pessoas são: Mãe Lúcia de Oyá, Iyalorixá do Ilê Axé Oyá Togun e Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos de Pernambuco; Mãe Beth de Oxum, Iyalorixá do Ilê Axé Oxum Karê,  Ricardo Ruiz, comunicólogo e designer, Yawô do Ilê Axé Oxum Karê e Ronaldo Eli, jornalista e economista.

CN - Qual a metodologia que vocês irão utilizar?
Ricardo Ruiz - Através do site, publicaremos dossiês levantados com matérias publicadas e artigos que relacionem esses momentos com a intolerância religiosa na mídia. Posteriormente, começaremos um processo formativo nas comunidades de terreiros para ampliar a participação e o debate sobre o assunto

CN - Na sua opinião, qual mídia é mais discriminatória com as religiões de origem africana?
Ricardo Ruiz - É uma questão de extensão. O preconceito se estende de um outro, e isso é refletido nos meios de comunicação, seja ele a TV, Radio, Jornais ou Internet. O que queremos é apontar o papel fundamental dos grandes conglomerados de mídia na disseminação do preconceito nas pessoas com relação as religiões de matriz africana. E como o processo de construção de redes ecumênicas de comunicação através de políticas publicas e privadas poderiam cumprir, talvez até pelo avesso do termo, o papel de Laicidade do Estado. Esse sim, acredito, ser o ponto mais importante aqui.

CN - Como esse observatório pode contribuir para a criação de uma política pública de comunicação que favoreça a diversidade religiosa?

Ricardo Ruiz - A intenção, uma vez que percebemos a dificuldade em encontrar material sobre o tema, é enriquecer  a produção de informações e reflexões acerca do assunto para subsidiar a construção de políticas que busquem canais de comunicação garantidos a todas as religiões, e não apenas a sublocação de concessões públicas por uma ou outra religião que se empenham em pagar por tais horários na mídia.

Conheça o Observatório AQUI

FONTE: Correio Nagô em 29/11/2012

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.