Marcha dos Orixás pede fim da intolerância religiosa


O dia 1º de setembro, sábado ensolarado no Pirajuçara, ficou marcada para manifestantes espíritas pela primeira caminhada dos orixás, em Taboão da Serra. O movimento acontece há algum tempo no Brasil, principalmente em São Paulo e Salvador, que foi onde tudo começou. O movimento em Taboão da Serra começou devido a grande quantidade de casas de matrizes africanas. São cerca de 230 terreiros de umbanda e candomblé na cidade.

Ribamar – ou Ribamar de Oxã – diz que “nós decidimos trazer essa tradição para Taboão da Serra para poder mostrar para as pessoas a tradição das casas de matrizes africanas, tirar a ideia da feitiçaria da cabeça das pessoas, pois muitas têm medo ou receio da umbanda e do candomblé por conta da ideia que foi passada na década de 70 e 80, de que serve para o mal. Queremos que as pessoas conheçam mais nossa tradição para não fazer pré-julgamentos”.
Os participantes do movimento pretendem mostrar nas ruas – e chamar a atenção das pessoas – os sons dos atabaques, dos cânticos e as danças de origens africanas. Outro objetivo do grupo participante desse manifesto é acabar com a intolerância religiosa e racial, já que, segundo Ribamar, a religião não carrega nenhum tipo de preconceito e aceita homossexuais, negros e pessoas de outras religiões.

O lema da marcha deste ano foi “O Deus no qual cremos é o mesmo que o de vocês, só tem outro nome”. A festa que aconteceu na tarde desse sábado, dia 1º, na Praça Luiz Gonzaga, homenageou a cantora Clara Nunes e também foi a chance dos manifestantes religiosos apresentarem danças afro, maculelê – dança que simula uma luta tribal – , capoeira, cânticos religiosos. Teve a presença do Ballet dos Orixás e a Banda Projeto das Matas.

A respeito dos terreiros, Ribamar fala que as portas de um terreiro são como as portas de uma igreja. “Os terreiros são abertos [ao público]. Nós costumamos dizer que as portas são iguais as de uma igreja, nós abrimos para aquelas pessoas que precisam, aquelas que têm uma curiosidade de conhecer, aquelas que têm algum problema e que precisam resolver através de um ‘papoterapia’, de uma conversa ou de um jogo de búzios. Estamos sempre de portas abertas para atender qualquer tipo de pessoa, seja ela de qualquer religião ou etnia”.

Ribamar finaliza seu pensamento dizendo que as pessoas que seguem a umbanda ou o candomblé não têm como dever “converter” as pessoas, mas sim de ajudar. As pessoas seguem essa religião apenas se sentirem-se confortáveis e se identificar. Ele mesmo conta que começou frequentando o candomblé aos 18 anos de idade e que hoje frequenta tanto o terreiro de umbanda quanto o de candomblé. Sua esposa também frequenta terreiro e sua filha de 13 anos, por vontade própria, começará a frequentar o terreiro também.

FONTE: Portal O Taboanense em 02/09/2012

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