Islâmico paquistânes acusa Obama de guerra contra muçulmanos


Um dos islâmicos mais temidos do Paquistão acusou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de iniciar uma guerra religiosa contra os muçulmanos por causa da forma como lidou com um vídeo que zomba do profeta Maomé.
Hafiz Saeed, acusado pela Índia de ser o mentor do ataque de 2008 cometido por paquistaneses armados na capital financeira indiana, Mumbai, disse nesta quarta-feira que Obama deveria ter ordenado medidas para remover o filme da internet, em vez de defender a liberdade de expressão nos EUA.
"As declarações de Obama causaram uma guerra religiosa", afirmou Saeed à Reuters em uma entrevista. "Esta é uma questão muito sensível. Isso não vai ser resolvido em breve. A declaração de Obama começou uma guerra cultural."
O governo Obama condenou o filme, que provocou protestos muçulmanos em todo o mundo, como "repugnante". Mas os países ocidentais continuam determinados a resistir às restrições à liberdade de expressão e já manifestaram inquietação sobre o efeito repressivo das leis de blasfêmia em países muçulmanos, como o Paquistão.
Saeed disse que os Estados Unidos devem tomar medidas duras contra os criadores do filme. "Se não, então os entreguem a nós", afirmou ele, ladeado por guarda-costas.
A Índia tem recorrido repetidamente ao Paquistão para levar Saeed à Justiça, uma questão que travou as relações entre os vizinhos com armas nucleares desde o massacre em Mumbai, onde homens armados mataram 166 pessoas durante três dias.
A Índia reclama da decisão do Paquistão de não prender Saeed mesmo depois que autoridades indianas entregaram provas contra ele a Islamabad. Os EUA ofereceram uma recompensa de US$ 10 milhões por informações que levem à captura de Saeed.
Saeed fundou na década de 1990 o grupo militante Lashkar-e-Taiba (LeT), que a Índia responsabiliza pela violência em Mumbai. Seis norte-americanos estavam entre os mortos nos ataques de 2008. Ele nega qualquer irregularidade e ligações com militantes.
A recompensa de US$ 10 milhões mostra o grande interesse dos EUA em Saeed. Apenas três outros militantes, incluindo o líder do Taliban, Mullah Omar, contam com uma alta recompensa em seu nome. Há uma recompensa de US$ 25 milhões para o líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahri.
Depois que a recompensa foi anunciada, Saeed convocou uma coletiva de imprensa em um hotel a 40 minutos de distância da embaixada dos EUA em Islamabad para provocar as autoridades norte-americanas.
Nesta quarta-feira, ele novamente zombou da recompensa, que não levou à sua captura apesar de Saeed se movimentar abertamente pelo Paquistão, uma país aliado estratégico dos EUA.
"Eu estou andando em meu próprio país", disse ele, com uma risada, em um hotel onde ele e outros islâmicos se reuniram para uma conferência sobre o filme anti-islã, chamado "A Inocência dos Muçulmanos".
"Então, que direito a América tem de colocar uma recompensa pela minha cabeça? Eu disse à América para iniciar um processo contra mim no tribunal. Então, eu poderei dar o meu ponto de vista. Isso é terrorismo, colocar uma recompensa na cabeça das pessoas."
Um ministro paquistanês ofereceu US$ 100.000 no sábado para quem matar o criador do vídeo considerado um insulto ao profeta Maomé. Um porta-voz do primeiro-ministro do Paquistão disse que o governo se dissociou de sua declaração.

FONTE: Portal Terra em 26/09/2012

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.