Intolerância religiosa

Candomblé como manifestação de cultura, educação e apoio social. Essa é a proposta do Centro Espírita Caboclo Boiadeiro, localizado a 22 quilômetros do centro de Brasília, em Sobradinho II. Fundado em 1975, a “roça” como o local é também conhecido, abriga aproximadamente 20 famílias, que auxiliam o líder religioso Américo Neves Filho, o Pai Lilico, na luta contra a intolerância religiosa. 

A casa oferece cursos de capacitação nas áreas de corte e costura, construção civil e artesanato (réplicas de orixás em miniaturas de biscuit). As peças produzidas já foram expostas em Portugal e é possível encontrá-las também no Ilê Axé Opó Afonjá, de Mãe Stella, em Salvador (BA). “Vejo isso como uma oportunidade de divulgar e valorizar a riqueza das raízes negras brasileiras”, ressalta o líder religioso.

PROJETOS SOCIAIS – Segundo Pai Lilico, o objetivo dos projetos oferecidos pela casa é beneficiar a comunidade local, que pode usufruir das iniciativas durante todo o ano. Em parceria com o Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, o centro promove exibição de filmes e realização de palestras públicas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), além da distribuição gratuita de preservativos.

A interação com a comunidade é grande: as escolas da região utilizam a área de 20 mil metros quadrados para aulas de teatro e capoeira; alunos da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) utilizam o conhecimento sobre ervas medicinais em teses e estudos de indicações terapêuticas; instituições de ensino aproveitam a sabedoria do candomblé em trabalhos de conclusão de curso.  

BENEFICÊNCIA – Mediante cadastro e avaliação da situação econômica, pessoas economicamente carentes da comunidade podem receber cestas básicas, entregues diretamente no centro ou em domicílio. O benefício também é concedido a instituições, como o Lar dos Velhinhos e a Casa do Candango, trabalho realizado todos os anos em 20 de janeiro – data em que se comemora o Dia de São Sebastião.

No momento, algumas atividades da casa estão suspensas, em função da reforma do telhado e do muro da propriedade, que foram apedrejados durante um ataque de intolerância religiosa. 

As primeiras casas de candomblé 

No início do século XIX, as etnias africanas eram separadas por confrarias da Igreja Católica na região de Salvador, Bahia. De acordo com as lendas contadas pelos mais velhos, algumas princesas vindas de Oyó e Ketu na condição de escravas fundaram um terreiro num engenho de cana. 

Posteriormente, passaram a reunir-se num local denominado Barroquinha, onde fundaram uma comunidade de Jeje-Nagô, sob o pretexto da construção e manutenção da primitiva Capela da Confraria de Nossa Senhora da Barroquinha, atual Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha.  

SERVIÇO:
Centro Espírita Caboclo Boiadeiro
AR 06 – área especial nº 02  Sobradinho II
Telefone: (61) 34831351     
Email: lilicodoxum@hotmail.com

FONTE:
Fundação Cultural Palmares em 03/05/2011

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