CCIR pede suspensão da demolição de templo de candomblé no Recreio

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) pediu, no início da madrugada desta sexta-feira , por meio de sua coordenadoria jurídica, a suspensão da retirada de pessoas e da demolição do templo religioso Ilê Axé de Ogum e Iemanjá, na Vila Harmonia, Recreio dos Bandeirantes, devido a obras da Transoeste. O advogado Mário Fonseca acredita que a Prefeitura do Rio não pode dar continuidade à demolição por ainda caber recurso. Segundo o representante da CCIR, o desembargador deu decisão monocrática sobre o caso e, sendo assim, ainda cabe agravo interno - quando outros dois desembargadores devem tomar conhecimento do recurso.

- A intenção é pedir que nada seja demolido enquanto o agravo não terminar - explica Mário Fonseca.

A Procuradoria pegou o processo inicial em 23 de fevereiro de 2011. Nele, há decisão favorável ao religioso. A Defensoria Pública perdeu o recurso. Ontem, funcionários da Subprefeitura da Barra da Tijuca foram ao local e deram início à desapropriação e derrubada do terreiro.

Templo está com fiel em resguardo

Segundo o sacerdote Sérgio D´Ogum, há uma fiel no terreiro de preceito. Ela está acolhida para orixá e, por isso, também deve ser respeitada:
- Esta moça passa, neste momento, por uma das fases mais sagradas para os seguidores de nossa religião. Não sei mais o que fazer para convencer que meu centro também é um templo religioso, assim como as igrejas aqui da comunidade que foram indenizadas. Minha esperança é que a comissão consiga interceder perante a Justiça.

Em 19 de dezembro de 2010, católicos, umbandistas, evangélicos e membros de vários segmentos religiosos fizeram um ato na Vila Harmonia contra a ação da Prefeitura do Rio. Para o interlocutor da CCIR, o babalaô Ivanir dos Santos, a questão é muito grave por tratar de direito de cidadãos e interferir na questão da fé.

- É preciso levar em consideração o fato de que a fé mexe com os corpos e com as almas de todos. A preocupação da CCIR é justamente fazer com que haja igualdade entre as religiões. Com igrejas, houve acordos. Com centros de religiões de matrizes africanas, o tratamento, segundo o que os sacerdotes dizem, tem sido diferente. O que não pode acontecer. Sendo assim, queremos chamar atenção do prefeito para que todos sejam tratados da mesma forma.

FONTE: Extra em 25/02/2011

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