Nota de repúdio ao ato criminoso de intolerância religiosa contra bruxas e bruxos em São João de Meriti - RJ



Em razão dos recentes BOATOS ou FAKES NEWS que circulam nos últimos dias nas redes sociais acerca das BRUXAS e do DIA DAS BRUXAS, a União Wicca do Brasil vem a público informar que NÃO É VERDADE o boato de que BRUXAS e BRUXOS sequestram e/ou sacrificam crianças em rituais de magia negra. Assim como NÃO É VERDADE que os praticantes da RELIGIÃO WICCA ou de qualquer outra religião de matriz pagã adoram ou cultuam o Diabo ou quaisquer outras energias entendidas como do mal.

Dentro de um misto de maldade, preconceito, intolerância, histeria e irresponsabilidade, algumas pessoas e grupos, começaram a viralizar nas redes sociais de forma criminosa, um vídeo “gravado sem autorização”, de uma procissão religiosa de um respeitado grupo de bruxas e bruxos da baixada fluminense do estado do Rio de Janeiro, ligando o mesmo ao sequestro e sacrifício de crianças.

Este boato ganhou ainda mais força, de acordo com matéria publicada no jornal Extra (veja o link no final da nota), após as imagens não-autorizadas serem compartilhadas por Netinho da UPA, candidato a vereador de Nova Iguaçu em 2016, onde o mesmo diz que este grupo de bruxas estaria envolvido com ritos satanistas envolvendo menores.

Vivemos tempos difíceis, onde a xenofobia, conflitos e intolerância em algumas sociedades, veem a religião e a cultura como uma fonte de divisão em lugar de um caminho para a inclusão e a paz. Estarrecidos, vemos o crescimento da intolerância religiosa em todos os cantos do Planeta, representando certamente, um dos problemas mais delicados em nosso mundo onde o fanatismo religioso, tão entranhado em milhões de pessoas, conduz umas a realizarem contra as outras verdadeiras guerras em nome, supostamente, de uma religião, como se fosse possível estabelecer, com isso, qual religião “estaria com a razão” ou qual religião teria “propriedade” sobre “o” verdadeiro sagrado. A questão é tormentosa e envolve o ser humano em sua mais pura essência, na medida em que são colocadas em jogo sua consciência e crença.

Repudiamos as manobras tendenciosas de determinadas pessoas ou grupos da sociedade, em tentar associar as religiões pagãs ou seus seguidores à apologia do mal, do maligno, do horrendo, do intolerável, marginal e odioso como tem sido comumente sugerido. Esta estratégia não somente visa à incitação ao ódio e ao preconceito contra a comunidade pagã e neo-pagã, mas também ofusca a veracidade acerca de nossa fé, que é o amor, a paz, a transcendência e o bom convívio para com todos os seres do Planeta.
Não poderíamos deixar de tornar público também o nosso repúdio a quem adentra no mérito da fé alheia para "qualificar desqualificando" um indivíduo ou grupo de indivíduos mediante a veiculação da sua religião na tentativa de associá-la a uma suposta conduta socialmente reprovável, pois isso sugere ofensa a toda uma comunidade religiosa e revela o traço execrável de intolerância e fomento ao ódio, numa tentativa vil de suplantar a falta de conteúdo. Esta e qualquer outra manifestação que configure intolerância religiosa será veementemente combatida pela comunidade pagã, na figura da União Wicca do Brasil.

As fakes news não afetam apenas os grupos minoritários, mas é uma preocupação de todas as pessoas de bem, como bem disse o Papa Francisco, Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana, num recente discurso sobre a maldade contida por trás das fakes news: “O drama da desinformação é desacreditar o outro, apresentá-lo como inimigo, até chegar à demonização que favorece os conflitos”.

As religiões de matrizes pagãs sempre estiveram imbuídas na união global pela paz. Rogamos pelo bem-estar do Planeta e de seus viventes, onde a harmonia prevaleça perante a desordem, onde o amor prevaleça diante ao ódio, onde o respeito prevaleça diante a intolerância e que o diálogo prevaleça diante a indiferença.

Confortamo-nos com o fato de que NÃO há injustiça e leviandade que sobrevivam por muito tempo. A justiça pode até tardar, e disso, nós, seguidores das mais diversas religiões de matrizes pagãs entendemos bem, mas ela não falha. E é neste sentimento de união e justiça, que nós da União Wicca do Brasil e toda a comunidade pagã e inter-religiosa do Rio de Janeiro e outros estados, nos colocamos solidários a sacerdotisa Alana Morgana e todo seu grupo.

Por fim, registramos que a sacerdotisa e seu grupo foram atendidos pela UWB e orientados a tomarem todas as medidas adequadas junto a Delegacia de Crimes Virtuais e a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI), através da Coordenadoria de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa (Coplir). Além da União Wicca do Brasil (UWB), o caso também está sendo acompanhado pelo Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa (Coneplir) desde a última quinta-feira (20), em face dos ofensores e acusadores que usaram de flagrante e repulsivo ato criminoso.

Nós da UWB nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento de interesse dos cidadãos, assim como estamos de portas abertas para receber toda e qualquer forma de ajuda e apoio.

Atenciosamente, Og Sperle Presidente Nacional da União Wicca do Brasil

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