Líderes religiosos pregam combate à intolerância

No dia 16 de novembro é comemorado o Dia Internacional da Tolerância. O assunto tem ganhado cada vez mais destaque dentro da sociedade e, neste ano, foi tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) com foco no preconceito às religiões. O Diário conversou com lideranças para saber o que tem sido feito para enfrentar o problema cada vez mais comum no Brasil.

De acordo com a coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina, Rita do Val, a data comemorativa tem grande importância no combate ao problema social. “É uma maneira de chamar a atenção da sociedade para esta questão e buscar uma reflexão de todos”, afirmou.

Rita também criticou a falta de políticas públicas e de leis mais rígidas como forma de efetivar um combate rígido à intolerância religiosa. “Temos que ter no corpo da lei medidas que impeçam essas práticas. É necessário que os responsáveis paguem. Não adianta investir em Educação se não houver mecanismos legais para punir”, completou.

A coordenadora também elogiou a oportunidade de discutir a questão da intolerância em um lugar tão importante como o Enem. “O que se pretende é que o aluno consiga fazer análises críticas. Acho interessante porque os jovens se deparam com essas questões diariamente.”

Conforme o bispo da Diocese de Santo André, dom Pedro Carlos Cipollini, até mesmo a religião católica, que é a predominante no Brasil, já enfrenta episódios de intolerância religiosa. “Começamos a sentir esse mal por parte das igrejas evangélicas. Nas escolas, quando uma criança vai com um crucifixo, ela já sofre esse tipo de agressão.”

O bispo afirma que a orientação dada pela Igreja Católica sobre a intolerância religiosa é sempre a conscientização sobre o respeito às outras religiões e à liberdade de cada um. “A sociedade já tem muitos problemas. As religiões devem ser amigas, não inimigas”, completou.

Ainda de acordo com Cipollini, o recente encontro de Assis, realizado na Itália com a presença do papa Francisco e líderes de diversas religiões, tem o propósito de buscar a paz. “Há muita boa vontade, mas falta diálogo por parte de algumas religiões.”

Para pai Tonhão D’Ogum, que comanda a Casa de Candomblé Asé Alaketú em Santo André desde 1970, a questão da intolerância é muito maior para as religiões que pertencem à matriz africana por conta do racismo. “O negro sempre foi discriminado. Tem religiões que foram criadas recentemente e já são respeitadas porque foram brancos que inventaram”, disse.

Segundo pai Tonhão, a orientação para os praticantes do Candomblé é que não entrem em discussões com seguidores de outras religiões para que episódios de fanatismo não aconteçam. “Ninguém nos apedreja na frente das câmeras, só pelas costas”, afirmou.

A Igreja Universal do Reino de Deus, que se manifestou por meio de nota, afirmou que os bispos, pastores e milhões de simpatizantes estão entre as maiores “vítimas do preconceito religioso no Brasil. Principalmente pela mídia e nas redes sociais”.

Ainda de acordo com a nota, a Igreja Universal defende “de modo intransigente a liberdade de pensamento, de crença e culto, conforme assegurado por nossa Constituição Federal” e que é papel das autoridades condenar aqueles que desrespeitem essas liberdades.


FONTE: Diário do Grande do ABC em 14/11/2016

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