Após ataques a templos, crimes de intolerância religiosa são investigados

Delegado Luciano Inácio irá investigar crimes motivados
por intolerância religiosa em Mato Grosso
(Foto: Lenine Martins/Sesp-MT)


Um setor exclusivo para investigar crimes motivados por intolerância religiosa foi criado nesta quinta-feira (13) pela Polícia Civil em Mato Grosso. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), o delegado Luciano Inácio da Silva foi designado para investigar os crimes. A polícia não tem um número oficial de casos de intolerância no estado.

O secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, assinou uma portaria oficializando a criação do setor para investigações. O documento ainda deve ser publicado no Diário Oficial do Estado (DOE). Líderes e representantes de centros espíritas, candomblé e umbanda também participaram da reunião. Os religiosos procuraram a secretaria para cobrar maiores investigações em supostos crimes praticados contra os grupos e templos religiosos.

Para o representante e presidente da Federação Nacional de Umbanda e Cultos Afro Brasileiro (Fenucab), Aécio Paniagua Montezuma, a falta de interpretação das próprias autoridades e desconhecimento sobre as religiões são os principais problemas enfrentados.

“Aqui em Mato Grosso está ocorrendo invasão de terreno, invasão de templos religiosos, além de pessoas que destruíram imagens e invadiram o nosso território sagrado. Na semana passada tivemos dois casos onde as casas foram destruídas. Não é mais dano e invasão, isso já é intolerância religiosa”, disse Montezuma.

Um dos casos citados pelo representante ocorreu no final de julho em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá.Vândalos invadiram o Centro Espírita Associação A Caminho da Luz e atearam fogo no local. Nenhuma pessoa foi presa ou identificada.

Em Cuiabá, no dia 1º de agosto, uma casa que realizava cerimônia de umbanda teve parte da estrutura queimada. “Esse setor que foi criado vai pelo menos ser um ponto de referencia para aqueles que estão sofrendo qualquer tipo de intolerância. Não necessariamente as pessoas vão ter que ir pra terreiro ou candomblé. Conhecendo já basta, pois aí a pessoa não vai mais criticar ou ter um ato de intolerância”, opinou Montezuma.

O setor vai funcionar em horário comercial dentro da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, localizada na Avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha), região central da capital mato-grossense.

“Às vezes na delegacia esses casos de intolerância religiosa eram registrados como briga, discussão ou invasão, quando na verdade se tratava de algo mais sério. Dessa forma, criamos o setor de atendimento de crimes praticados contra a intolerância religiosa. Os grupos alegavam que os crimes eram tratados como crimes comuns”, disse o secretário Mauro Zaque.

Conforme o secretário, mesmo que os crimes sejam registrados em outras delegacias, eles devem ser redirecionados para o setor de investigação exclusivo na DHPP. “Entendo que as religiões de origem africana talvez sejam desconhecidas até de certa forma agredidas. Eu quero entender e compreender a religião e poder tomar as medidas para centralizar as denúncias e informações de onde estão vindo esses ataques”, declarou o delegado nomeado para o setor, Luciano Inácio.

A pena para esse tipo de crime, segundo o delegado, varia entre 1 a 3 anos de prisão.

FONTE: Portal G1 em 13/08/2015

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