Intolerância religiosa cresce no Brasil

Segundo reportagem do jornal alemão Deutsche Welle, há sinais claros de um aumento da intolerância religiosa no Brasil. Foram registrados em 2013 um total de 231 denúncias por discriminação religiosa, mais que o dobro do ano anterior. O “Coletivo de Entidades Negras” pediu ao Ministério Público para atuar diante do que consideram uma ameaça: a criação dos “Gladiadores do altar”, organização de militantes da Igreja Universal do Reino de Deus

Por Fernando Caulyt, para o Deutsche Welle. Tradução de Marcos Romão para o Mamapress

A Intolerância religiosa está em ascensão no Brasil

O seguidores de religiões afro-brasileiras se sentem cada vez mais ameaçados. O site militante de um grupo evangélico induz ao medo da violência sectária e fundamentalista.

O “Coletivo de Entidades Negras” (CEN) pediu ao Ministério Público brasileiro para atuar diante do que consideram uma ameaça. No final de março, representantes da organização que representa várias comunidades religiosas afro-brasileiras, entregaram às autoridades uma petição. Na petição apresentaram inquéritos civis, sobre alegados casos de intolerância religiosa em 26 dos 27 estados do Brasil.

Estopim para esta ação, disse o porta-voz jornal CEN Márcio Alexandre ao jornal “O Globo”, foi o a criação dos “Gladiadores do Altar”, organização recém-formada de militantes da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), provocou discussões durante semanas no Brasil.

Os Evangélicos Marciais

Na Internet, os membros da igreja podem ser vistos como “Gladiadores” marchando em sincronia, e saudando como soldados em grande estilo e entoando orações e frases em uníssono.

“Os gladiadores do altar dão a impressão de serem uma milícia”, disse Márcio Alexandre para o jornal “O Globo”.

Loucura, responde a IURD. Não há disciplina militar nas “Gladiadores”: “O projeto só vai ajudar a treinar nos jovens vocações para o trabalho pastoral”, disse a Igreja Pentecostal em comunicado para a imprensa. incitação à violência ou ao ódio contra outras religiões nunca existiu e nunca existirá.


Aumento da agressividade

Na verdade, no entanto, há sinais claros de um aumento da intolerância religiosa no Brasil. O Hotline de Direitos Humanos do governo brasileiro “Disque 100″ registrou em 2013, um total de 231 denúncias por discriminação religiosa – mais que o dobro do ano anterior. De acordo com cálculos preliminares, 2014 deve ter uma pequena redução de casos.

Mas é precisamente neste contexto, afirma Márcio Alexandre Gualberto porta-voz do CEN, que os seguidores do Candomblé, Umbanda e outras religiões afro-brasileiras precisam dar um sacode nas fundações do “Gladiadores: “Se a língua deles é sobre a guerra, nós podemos adotar medidas adequadas.”

Causas da Ansiedade

Leonildo Silveira Campos, estudiosos da religião da Universidade Mackenzie, em São Paulo, não vê este risco no momento: “Um nome marcial para um grupo religioso não significa que o grupo seja paramilitar.” O Exército de Salvação, um não-igreja internacional que foi fundada em 1965, nunca foi uma milícia.

No entanto, o medo da violência armada não é infundado: Muitos barões da droga, segundo Campos, buscam apoio espiritual em pastores evangélicos. Muitos deles incitados pelos pastores, passaram a perseguir os seguidores de cultos afro-brasileiros a partir de sua esfera de influência.

A petição do CEN não acusa alguém explicitamente. Se sobre os incidentes contra terreiros de Candomblé e Umbanda, membros da IURD ou até mesmo o “Gladiadores do Altar” estavam envolvidos, ainda não não se tem conhecimento. E não são apenas a seguidores de religiões afro-brasileiras vítimas de intolerância religiosa no Brasil.


Disputa acirrada pelos os fiéis

No entanto, diz Campos, a IURD bem luta principalmente contra tais tais orientações religiosas. Isso ocorre porque, em sua opinião a IURD adotou elementos significativos de crenças afro-brasileiras. “Agora eles devem distanciar-se deles, a fim de estabelecer-se como uma denominação independente e institucionalizada” suspeita o cientista estudioso de religiões.

Se é verdade que eles só vêm para divulgar sua fé, é questionável. Porque os líderes de algumas igrejas neopentecostais, incluindo a IURD, demonstram abertamente buscar intenções políticas e econômicas. Para que isto aconteça precisam de um grande número de seguidores. E este “mercado” é atualmente altamente competitivo e disputado.

Depois de um rápido crescimento nas últimas décadas, são adeptos agora quase um em cada quatro brasileiros de uma igreja neopentecostal. Mas o crescimento diminuiu nos últimos anos. A IURD, a terceira maior dessas igrejas, na realidade diminuiu o números de membros. Os problemas da IURD diz Campos, no entanto, não foram Candomblé, ou a Umbanda, mas sim as outras igrejas neopentecostais.

Provavelmente, conclui Campos, pode se afirmar que a criação dos “Gladiadores do altar” se deve principalmente a uma estratégia de marketing: “Se pretende com esta postura militar conquistar os jovens – em especial da periferias.” Eles calcularam muito bem que teriam a cobertura da mídia nesta ação incomum.

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