Igreja irá responder acusação sobre suposta intolerância religiosa

Por Bernardo Almeida

A Procuradoria da Republica em Minas Gerais irá convocar a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) para audiência pública com representantes de religiões de matriz africana, como candomblé e umbanda, para discutir a suposta intolerância a estes grupos.

O procurador regional do núcleo de Direitos do Cidadão, Edmundo Netto Dias, atende pedido de cerca de 30 candomblecistas e umbandistas, que estiveram na sede do Ministério Público Federal (MPF), ontem à tarde, quando aproveitaram para reproduzir um terreiro, ao lado do coreto da praça da Liberdade, com rodas de capoeira e congados.

Assim como nas demais capitais brasileiras, eles entregaram uma carta-denúncia para que o MPF investigue o projeto “Gladiadores do Altar”, realizado pela Iurd desde janeiro deste ano e que ganhou notoriedade após um vídeo ser divulgado nas redes sociais. Nas imagens, os “gladiadores” aparecem marchando e repetindo palavras de ordem ditas por um pastor, como “dar a vida em favor dos perdidos”, “prontos para a batalha” e “os novos gladiadores que vão nos ajudar a entrar no inferno e ganhar almas”.

“O vídeo é um agravante, que nos preocupa diante do histórico de perseguição e disseminação de ódio que essa igreja já tem conosco”, diz o candomblecista Babalawo Ivanir dos Santos.

“A princípio, o vídeo mostra a realização de um ato criminoso, de preconceito religioso”, diz o procurador. Em nota, a Iurd informou que o “Gladiadores” é um programa de ensino religioso totalmente pacífico, que visa à formação de jovens vocacionados para o trabalho pastoral. “Não há disciplina militar, não existe atividade física envolvida e jamais houve incitação à violência ou ódio a qualquer religião”.

A igreja divulgou que “a falsa polêmica é fruto de um lamentável mal-entendido da internet, alimentado pelo desconhecimento de muitos e pelo preconceito de alguns”, e que “está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos”.

Outros estados

Conforme publicado por O TEMPO no mês passado, o programa “Gladiadores do Altar” foi alvo de inquérito civil instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF) na Bahia, a partir da representação do Coletivo de Entidades Negras (CEN). O mesmo pode ocorrer em Minas.

“Vai haver desdobramento da representação de hoje (ontem), gerando um inquérito civil na área da cidadania, no combate ao preconceito religioso. A denúncia será enviada ao núcleo criminal para análise se é cabível o oferecimento de uma denúncia”, diz o procurador Edmundo Netto Dias.
A Igreja Universal informou que o MPF do Ceará já avaliou que o programa não vislumbra um movimento armado ou com conotação de milícia.

FONTE: Jornal O Tempo

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