Caminhada dos Terreiros marca início das celebrações do mês da Consciência Negra


Por Angélica Souza

Símbolo de luta contra toda forma de intolerância – religiosa, racial e sexual– membros dos mais de 2.000 terreiros de Pernambuco, participam, nesta segunda-feira (5), da 6ª edição da Caminhada do Povo dos Terreiros, com concentração no Marco Zero, no bairro do Recife, a partir das 14h.

O evento, que espera reunir cerca de 40 mil pessoas entre líderes religiosos e membros das religiões de Matriz Africana do estado, esse ano tem como tema “Luta e Resistência de um Povo Ancestral”, e clama a pela aplicabilidade das Leis 10.639/03 e 11.645/08, que chama a atenção para importância do ensino de História da África, Cultura Afro-brasileira e indígena nas escolas públicas e privadas.

Para a coordenadora religiosa do evento, Mãe Elza de Yemoja, a caminhada além de lutar contra o preconceito, vai às ruas para dizer que quer ser livre para professar sua fé, assim como a constituição federal,  que assegura a liberdade de crença, em um estado laico. “Estaremos nas ruas não só para abrir as celebrações do mês da Consciência Negra, mas principalmente para continuar a nossa luta e proporcionar à Pernambuco uma grande cerimônia de Matriz Africana. Todos os religiosos do Candomblé, Umbanda e da Jurema Sagrada estarão reunidos, cantando para as divindades, abrindo um leque cultural-religioso e fazendo um chamado para o turismo étnico-cultural”, ressalta a Yalorixá, Conselheira Estadual Matriz Africana da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, que pratica o culto afro há 42 anos.

Ogum, orixá que na mitologia Yorubá representa um guerreiro, é guardião da caminhada. “Na primeira edição, em 2007, foi consultado o Ifá (oráculo) para saber qual era o Odu (destino) e Ogum respondia que estava à frente do cortejo. No ano seguinte, o Odu foi confirmado e até hoje é ele quem é o nosso homenageado”, explica a Mãe Elza, do Ile Asè Egbé Awo, em Olinda .

A manifestação terá início às 15h com o grito político. Por volta das 15h30, o grupo segue em caminhada com um grande Xirê – sequência de cantos e dança em louvação às orixás do Candomblé-, pela Avenida Marquês de Olinda, Avenida Martins de Barro, Praça da República, Rua do Sol e Avenida Dantas Barreto.

Ao término do cortejo, no Memorial de Zumbi dos Palmares, no Pátio do Carmo, no bairro de Santo Antônio, será cantado o Hino da Umbanda, iniciando a grande celebração da Jurema Sagrada e da Umbada, cantando para os caboclos, encantados e mestres, pedindo prosperidade para o ano que se aproxima.

Este ano, a caminhada fará uma homenagem especial à Mãe Biliu, uma das Yalorixás mais velhas de Pernambuco, que morreu em agosto de 2012.

Trânsito - Durante a caminhada, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), realizará um esquema especial de trânsito nas vias envolvidas. Um efetivo de 20 agentes de trânsito estará no local a partir das 13h.

A previsão é de que, a partir das 15h, a caminhada inicie na Avenida Marquês de Olinda, seguindo pela Ponte Maurício de Nassau, Avenida Martins de Barro, Praça da República, Rua do Sol, Avenida Guararapes e Dantas Barreto. O cortejo termina em frente à Igreja do Carmo, no Memorial Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra no Brasil Colonial, escravidão e cultura africana.

Os agentes da CTTU farão bloqueios itinerantes das vias, liberando-as após a passagem dos participantes. Ao término da caminhada, as vias próximas ao Pátio do Carmo serão monitoradas para garantir a segurança dos participantes.

A orientação da Companhia é para que os condutores tracem uma rota alternativa para chegar ao destino, evitando as áreas de bloqueio.

A CTTU estima que por volta das 18h, as vias estejam liberadas.

FONTE: NE 10 em 03/11/2012

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