Movimentos de mulheres manifestam contra a violência à mulher e a intolerância religiosa


Representantes de movimentos de mulheres manifestam, nesta manhã, em frente ao shopping Pátio Brasil, em Brasília (DF). O grupo, liderado pela Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), luta contra o preconceito, a violência à mulher e a intolerância religiosa.

O manifesto teve o estopim com o caso de lesão corporal sofrido por Noêmia Oliveira, 19 anos,  no último dia 5, no Paranoá (DF).  A moça relata que, na ocasião, passava mal e seu companheiro foi pedir ajuda de um homem, que trouxe consigo pastores para socorrê-la. Noêmia alega que eles começaram uma sessão de exorcismo, seguida de agressões motivadas pelo uso de piercings e tatuagens. Seus dois gatos foram jogados pela janela, acusados de “má influência espiritual”. Um deles permanece internado.

A agressão, segundo as manifestantes, é fruto da intolerância religiosa, que vem interferir na forma como as pessoas devem se vestir e se comportar. “O caso da Noêmia é um exemplo desse grau de fundamentalismo que estamos vivendo. Estamos aqui para protestar não apenas por ela, mas contra a violência a toda e qualquer mulher. Queremos afirmar que nosso corpo nos pertence, é nosso território e não pode estar sujeito a pastor ou a padre, nem a qualquer outro”, afirmou Kauara Rodrigues, representante do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA).

As mulheres que participam do protesto também reclamam da influência da bancada religiosa no Congresso Nacional e, por faixas e cartazes, exigem o respeito ao Estado Laico, instituído pela Constituição Federal. “Quando não temos um estado laico, há interferência religiosa em todas as áreas de importância para a sociedade. Essas ideologias de cunho religioso representam uma barreira para o avanço democrático. É inadmissível isso em um país de tamanha diversidade como o nosso. Não queremos mais a inquisição”, ponderou uma das representantes do AMB, Rogéria Peixinho.


O grupo de manifestantes reúne mulheres vindas de vários estados, como Ceará, Rio de Janeiro, Amazonas, Paraíba e Mato Grosso do Sul. Elas contam que irão se reunir em protestos como esse ao longo da semana e irão apresentar um manifesto à Secretaria de Direitos Humanos, à Secretaria de Políticas para as Mulheres e ao Congresso Nacional. Entre as reinvidicações, estão a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos já conquistados, a rejeição ao estatuto do nascituro, a urgência de aprovação da PEC do trabalho doméstico, além do repúdio à influência religiosa na elaboração de leis, que, para elas, representam um retrocesso em relação aos direitos das mulheres, da população LGBT e das religiões de matriz africana.

FONTE: Portal EBC em 20/08/2012

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